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Respuesta  Mensaje 1 de 5 en el tema 
De: QUIM TROVADOR  (Mensaje original) Enviado: 30/11/2009 08:44
 

 

High Head sunset

ESTATUTO DO HOMEM E DA VIDA

Thiago de Mello

Art. 1: Fica decretado que agora vale a verdade, que agora vale a vida e que de mãos dadas trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Art. 2: Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Art. 3: Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.

Art. 4: Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único: o homem confiar no homem como um menino confia em outro menino.

Art. 5: Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silencio nem a armadura das palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Art. 6: Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Art. 7: Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Art. 8: Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar amor a quem se ama sabendo que é a água que dá a planta o milagre da flor.

Art. 9: Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal do seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o que da a planta o milagre da flor.

Art. 10: Fica permitido a qualquer pessoa, a qualquer hora da vida, o uso do traje branco.

Art. 11: Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama o belo e por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.

Art. 12: Decreta-se que nada será obrigado nem permitido. Tudo será permitido, sobretudo brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.

Art. 13: Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.

Art. 14: Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pntano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio e sua morada será sempre o coração do homem.

(Folha da Região, Araçatuba, 18/9/2001.)


 



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Respuesta  Mensaje 2 de 5 en el tema 
De: QUIM TROVADOR Enviado: 06/12/2009 18:17

Thiago de Mello


 

Filho da floresta, água e madeira


Filho da floresta,
água e madeira
vão na luz dos meus olhos,
e explicam este jeito meu de amar as estrelas
e de carregar nos ombros a esperança.

Um lanho injusto, lama na madeira,
a água forte de infncia chega e lava.

Me fiz gente no meio de madeira,
as achas encharcadas, lenha verde,
minha mãe reclamava da fumaça.

Na verdade abri os olhos vendo madeira,
o belo madeirame de itaúba
da casa do meu avô no Bom Socorro,
onde meu pai nasceu
e onde eu também nasci.

Fui o último a ver a casa erguida ainda,
íntegros os esteios se inclinavam,
morada de morcegos e cupins.

Até que desabada pelas águas de muitas cheias,
a casa se afogou
num silêncio de limo, folhas, telhas.

Mas a casa só morreu definitivamente
quando ruíram os esteios da memória
de meu pai,
neste verão dos seus noventa anos.

Durante mais de meio século,
sem voltar ao lugar onde nasceu,
a casa permaneceu erguida em sua lembrança,
as janelas abertas para as manhãs
do Paraná do Ramos,
a escada de pau-d’arco
que ele continuava a descer
para pisar o capim orvalhado
e caminhar correndo
pelo campo geral coberto de mungubeiras
até a beira florida do Lago Grande
onde as mãos adolescentes aprendiam
os segredos dos úberes das vacas.

Para onde ia, meu pai levava a casa
e levava a rede armada entre acariquaras,
onde, embalados pela surdina dos carapanãs,
ele e minha mãe se abraçavam,
cobertos por um céu insuportavelmente
estrelado.

Uma noite, nós dois sozinhos,
num silêncio hoje quase impossível
nos modernos frangalhos de Manaus,
meu pai me perguntou se eu me lembrava
de um barulho no mato que ele ouviu
de manhãzinha clara ele chegando
no Bom Socorro aceso na memória,
depois de muito remo e tantas águas.

Nada lhe respondi. Fiquei ouvindo
meu pai avançar entre as mangueiras
na direção daquele baque, aquele
baque seco de ferro, aquele canto
de ferro na madeira — era a tua mãe,
os cabelos no sol, era a Maria,
o machado brandindo e abrindo em achas
um pau mulato azul, duro de bronze,
batida pelo vento, ela sozinha
no meio da floresta.

Todas essas coisas ressurgiam
e de repente lhe sumiam na memória,
enquanto a casa ruína se fazia
no abandono voraz, capim-agulha,
e o antigo cacaual desenganado
dava seu fruto ao grito dos macacos
e aos papagaios pndegas de sol.

Enquanto minha avó Safira, solitária,
última habitante real da casa,
acordava de madrugada para esperar
uma canoa que não chegaria nunca mais.

Safira pedra das águas,
que me dava a bênção como
quem joga o anzol pra puxar
um jaraqui na poronga,
sempre vestida de escuro
a voz rouca disfarçando
uma ternura de estrelas
no amanhecer do Andirá.

Filho da floresta, água e madeira,
voltei para ajudar na construção
do morada futura. Raça de magos,
um dia chegarão as proas claras
para os verdes livrar da servidão.
 


 
   
 
 

 

Fio de Vida

Thiago de Mello

Já fiz mais do que podia

Nem sei como foi que fiz,

Muitas vezes nem quis a Vida

a vida foi quem me quis.

 

Para me ter como servo?

Para acender um tição

na frágua da indiferença?

Para abrir um coração

 

No fosso da inteligência?

Não sei. nunca vou saber

Sei que de tanto me ter.

Acabei amando a vida

 

Vida que anda por um fio,

diz quem sabe. Pode andar,

contanto (Vida é um milagre)

que bem cumprido o meu fio.

 

Na tarde em que as coronárias oclusas,

entristecidas, me pedem para cantar.

 

Thiago de Mello

do livro "Campo de Milagres"

Bertrand Brasil - 1998

http://groups.msn.com/CantodaPoesia

http://groups.msn.com/SandraMellohomepage

http://groups.msn.com/AnjoEstelarhomepage


Respuesta  Mensaje 3 de 5 en el tema 
De: QUIM TROVADOR Enviado: 06/12/2009 18:17
 

 

Faz Mormaço na Floresta

 


Thiago  de  Mello

Não quero que me cedas,
por dar amor.
nem me concedas nada
de teu, por dar amor.

De dá diva, já basta
tu inteira na luz que do teu corpo nasce

Quero só que tu queiras,
de coração cantando,
vir comigo acender
toda a paz das estrelas
que abraçados inventam
o teu corpo e o meu.

A cuia morna do ventre
da cunhatã estendida
tomo nas mãos e sorvo
sem sofreguidão a luz
que líquida se derrama
entre as vertentes da coxas.

Firme a forquilha das ancas
a coluna se recurva:
faz mormaço na floresta.

Um suor escorre da nuca
porejada de hortelã
e o chão se encharca de festa.

Calor molhado de seta
nos envolve sobre a areia
Crescem cantos na floresta
quando as asas quentes pousas
de tua boca em meu peito:
estirado me floresço.

Fogo ondulado, teu dorso
que me lentamente desce,
enquanto árvore cresço

Sombra ardente que me guia
tua cabeleira baila
na esparramada alegria

É quando mordo a luz
do teu peito que tenho
o que perdi sem ter.

Quando me vi foi quando
antes de te ver, abriste
o sol dos teus cabelos

nenhum espelho nunca
(nem o secreto lago)
em que o medo me espio)
me desvelou, relmpago
quanto o tremor alçado
de teus joelhos chamando.

Nunca sei como sou
(sei só que sou contente)
quando contigo vou.

Amor me ensina a ser
a verdade que invento
para te merecer.

Só chegas quando estou:
as estrelas me trazes
para o céu que te dou.

Na glória de saber
que inteiro me recebes
desaprendo o que é ter.

.........................................................

 

      

 

 

 
   
 
 
17304185_snI45yas_FOTOTECA011WM.jpg picture by TEMPO13_2006
 
A Elegncia do Comportamento
Não há caminho novo;
O que há de novo, é o jeito de caminhar.
Thiago de Melo
Existe coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso esteja mais rara: a elegncia do comportamento.
É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange muito mais que dizer, um simples obrigado (a) diante de uma gentileza.
É a elegncia que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma e nem fotógrafos por perto.
É uma elegncia desobrigada.
É possível detectá-las nas pessoas que incentivam mais do que criticam.
Nas pessoas que ecutam mais do que falam. E quando falam, ficam longe da maldade e da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no dia a dia.
É possível detectá-las nas pessoas que não usam um tom superior de voz a se dirigir a frentistas. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores, porque não sente prazer de humilhar os outros.
É possível detectá-las em pessoas pontuais.
Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e,ao receber uma ligação,não recomenda à secretária, quem está falando e depois manda dizer se atende.
Oferecer flores é sempre elegante.
É elegante não ficar espaçoso demais. É elegante não mudar seu estilo para se adaptar ao estilo de outro. É muito elegante não falar de dinheio, em bate papos informais. É elegante retribuir carinho e solidariedade.
Sobrenome, jóias e nariz impinado não substituem a elegncia do gesto.
Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele não de uma forma arrogante. Pode-se tentar capturar esta delicadeza de uma forma natural através de observação, mas tentar imitá-la é improdutivo. A saída é desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: É so pedir licencinha ao nosso brucutu que acha que "com amigo não tem que ter essas frescuras".
Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não vão desfrutá-las.
Educação enferruja por falta de uso.
E, detalhe: "não é frescura".

 
   

 

Thiago de Mello



Flor de açucena


Quando acariciei o teu dorso,
campo de trigo dourado,
minha mão ficou pequena
como uma flor de açucena
que delicada desmaia
sob o peso do orvalho.
Mas meu coração cresceu
e cantou como um menino
deslumbrado pelo brilho
estrelado dos teus olhos.


 
   
 
 

 

Thiago de Mello



Ninguém me habita


Ninguém me habita. A não ser
o milagre da matéria
que me faz capaz de amor,
e o mistério da memória
que urde o tempo em meus neurônios,
para que eu, vivendo agora,
possa me rever no outrora.
Ninguém me habita. Sozinho
resvalo pelos declives
onde me esperam, me chamam
(meu ser me diz se as atendo)
feiúras que me fascinam,
belezas que me endoidecem. 


Respuesta  Mensaje 4 de 5 en el tema 
De: QUIM TROVADOR Enviado: 06/12/2009 18:18
 
 

Thiago de Mello



Canto do meu canto


Escrevi no chão do outrora
e agora me reconheço:
pelas minhas cercanias
passeio, mal me freqüento.
Mas pelo pouco que sei
de mim, de tudo que fiz,
posso me ter por contente,
cheguei a servir à vida,
me valendo das palavras.
Mas dito seja, de uma vez por todas,
que nada faço por literatura,
que nada tenho a ver com a história,
mesmo concisa, das letras brasileiras.
Meu compromisso é com a vida do homem,
a quem trato de servir
com a arte do poema. Sei que a poesia
é um dom, nasceu comigo.
Assim trabalho o meu verso,
com buril, plaina, sintaxe.
Não basta ser bom de ofício.
Sem amor não se faz arte.

Trabalho que nem um mouro,
estou sempre começando.
Tudo dou, de ombros e braços,
e muito de coração,
na sombra da antemanhã,
empurrando o batelão
para o destino das águas.
(O barco vai no banzeiro,
meu destino no porão.)

Nada criei de novo.
Nada acrescentei às forma
tradicionais do verso.
Quem sou eu para criar coisas novas,
pôr no meu verso, Deus me livre, uma
                 invenção.


   
 
 

 

Thiago de Mello



Arte de amar


Não faço poemas como quem chora,
nem faço versos como quem morre.
Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira
quando muito moço; achava que tinha
os dias contados pela tísica
e até se acanhava de namorar.
Faço poemas como quem faz amor.
É a mesma luta suave e desvairada
enquanto a rosa orvalhada
se vai entreabrindo devagar.
A gente nem se dá conta, até acha bom,
o imenso trabalho que amor dá para fazer.

Perdão, amor não se faz.
Quando muito, se desfaz.
Fazer amor é um dizer
(a metáfora é falaz)
de quem pretende vestir
com roupa austera a beleza
do corpo da primavera.
O verbo exato é foder.
A palavra fica nua
para todo mundo ver
o corpo amante cantando
a glória do seu poder.


 
   
 

Thiago de Mello



Os astros íntimos


Consulto a luz dos meus astros,
cada qual de cada vez.
Primeiro olho o do meu peito:
um sol turvo é o meu defeito.
A minha amada adormece
desgostosa do que sou:
a estrela da minha fronte
de descuidos se apagou.

Ela sonha mal do rumo
que minha galáxia tomou.
Não sabe que uma esmeralda
se esconde na dor que dou.

A cara consigo ver,
sem tremor e sem temor,
da treva engolindo a flor.
Percorre a mata um espanto.

A constelação que outrora
ardente cruzava o campo
da vida, hoje mal demora
no fulgor de um pirilampo.

Mas vale ver que perdura
serena em seu resplendor,
mesmo de luz esgarçada,
a nebulosa do amor.


Barreirinha, Ponta da Gaivota, 97



 
 
 

 
O animal da floresta


De madeira lilás ( ninguém me crê )
se fez meu coração. Espécie escassa
de cedro, pela cor e porque abriga
em seu mago a morte que o ameaça.
Madeira dói?, pergunta quem me vê
os braços verdes, os olhos cheios de asas.
Por mim responde a luz do amanhecer
que recobre de escamas esmaltadas
as águas densas que me deram raça
e cantam nas raízes do meu ser.
No crepúsculo estou da ribanceira
entre as estrelas e o chão que me abençoa
as nervuras.
Já não faz mal que doa
meu bravo coração de água e madeira.

Respuesta  Mensaje 5 de 5 en el tema 
De: QUIM TROVADOR Enviado: 06/12/2009 18:20

Sugestão

 


 

Não cegues o fio da tua lmina
contra a pedra em que o tempo transformou
a flor antiga que inventei cantando
quando sequer chegada eras ao mundo.
Nem cultives o cardo do infortúnio
em veredas por onde eu caminhava
antes da tua mão na minha vida.
Não podes apagar o que já é cinza
nem afogar o que a água já levou.
Alguma sombra azul do que passou
vive no amor que nos abraça agora.
Não desperdices teu poder de luz.
Prepara, cada noite, a tua aurora.

 

THIAGO MELLO .......................................................


 
   
 

 

Faz Mormaço na Floresta

 


 

Não quero que me cedas,
por dar amor.
nem me concedas nada
de teu, por dar amor.

De dá diva, já basta
tu inteira na luz que do teu corpo nasce

Quero só que tu queiras,
de coração cantando,
vir comigo acender
toda a paz das estrelas
que abraçados inventam
o teu corpo e o meu.

A cuia morna do ventre
da cunhatã estendida
tomo nas mãos e sorvo
sem sofreguidão a luz
que líquida se derrama
entre as vertentes da coxas.

Firme a forquilha das ancas
a coluna se recurva:
faz mormaço na floresta.

Um suor escorre da nuca
porejada de hortelã
e o chão se encharca de festa.

Calor molhado de seta
nos envolve sobre a areia
Crescem cantos na floresta
quando as asas quentes pousas
de tua boca em meu peito:
estirado me floresço.

Fogo ondulado, teu dorso
que me lentamente desce,
enquanto árvore cresço

Sombra ardente que me guia
tua cabeleira baila
na esparramada alegria

É quando mordo a luz
do teu peito que tenho
o que perdi sem ter.

Quando me vi foi quando
antes de te ver, abriste
o sol dos teus cabelos

nenhum espelho nunca
(nem o secreto lago)
em que o medo me espio)
me desvelou, relmpago
quanto o tremor alçado
de teus joelhos chamando.

Nunca sei como sou
(sei só que sou contente)
quando contigo vou.

Amor me ensina a ser
a verdade que invento
para te merecer.

Só chegas quando estou:
as estrelas me trazes
para o céu que te dou.

Na glória de saber
que inteiro me recebes
desaprendo o que é ter.

THIAGO MELLO ..............................................

 
   
 
 

 

High Head sunset

ESTATUTO DO HOMEM E DA VIDA

Thiago de Mello

Art. 1: Fica decretado que agora vale a verdade, que agora vale a vida e que de mãos dadas trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Art. 2: Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Art. 3: Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.

Art. 4: Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único: o homem confiar no homem como um menino confia em outro menino.

Art. 5: Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silencio nem a armadura das palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa.

Art. 6: Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Art. 7: Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.

Art. 8: Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar amor a quem se ama sabendo que é a água que dá a planta o milagre da flor.

Art. 9: Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal do seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o que da a planta o milagre da flor.

Art. 10: Fica permitido a qualquer pessoa, a qualquer hora da vida, o uso do traje branco.

Art. 11: Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama o belo e por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã.

Art. 12: Decreta-se que nada será obrigado nem permitido. Tudo será permitido, sobretudo brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor.

Art. 13: Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.

Art. 14: Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pntano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio e sua morada será sempre o coração do homem.

(Folha da Região, Araçatuba, 18/9/2001.)


 



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