Reply |
Message 1 of 42 on the subject |
|
|
|
Filosofia
Você quer mesmo saber como a vida se levar? Pois é... primeiro viver e depois, filosofar...
Diz que é rico... Pode ser... Mas pode ser que não seja... Ser rico... é apenas poder fazer o que se deseja. . .
Nessa eterna e dura lida renasço a cada momento lavando as dores da vida no rio do esquecimento...
Onde o sonhar de outra idade? A fé que tive, e perdi? Hoje... chego a ter saudade daquele ... que já morri...
(Poema de JG de Araujo Jorge do livro – Cantiga do Só – 1964)
Formatação Luna | | | | | | | | |
|
|
Reply |
Message 28 of 42 on the subject |
|
|
|

Vermelho e branco
O sangue vermelho do homem branco, do homem preto, do homem amarelo, o sangue é vermelho, é um sangue só.
O leite branco da mulher branca, da mulher preta, da mulher amarela, o leite é branco, é um leite só.
Deus pôs por dentro de homens e mulheres de aparências tão diferentes, uma humanidade só: - o mesmo anseio, a mesma fome, o mesmo sonho, o mesmo pó; o mesmo sangue vermelho, da cor da vida, da cor do amor, e mais: o mesmo leite branco, da cor da paz.
(Poema de JG de Araujo Jorge do livro – Mensagem – 1966 )
Formatação Luna
| | | | | | | | | | |
|
|
Reply |
Message 29 of 42 on the subject |
|
J. G. de Araújo Jorge
O LADO BOM
Quero ser uma ilha, um pouco de paisagem, uma janela aberta, uma montanha ao longe, um aceno de mar.
Quando precisares de sonho, de um canto de beleza, de um pouco de silêncio, ou simplesmente de sol... e de ar...
Quero ser o lado bom em que pensas, isto que intimamente a gente deseja mas nem sempre diz - quero ser, naquela hora, o que sentes falta para seres feliz...
Que quando pensares em fugir de todos ou de ti mesma, enfim, penses em mim...
| |
|
|
Reply |
Message 30 of 42 on the subject |
|
|

Desejos... Na manhã de Sol
Na manhã de sol bela e serena, depois de um dia de chuva depois que à noite ventou, - tive desejos de apanhar aquela mulher morena que passou . . .
Devia ter na boca rubra um gosto de uva um gosto bom de vinho, e quando ela me olhou, - pensei na fruta madura que o vento da noite derrubou à margem do caminho...
Ah! o garoto que fui! Ah! o garoto que sou! Na inquietação da minha vida, nas voltas do meu caminho, sempre a vontade incontida de desejar as frutas do quintal vizinho!
Na manhã de sol bela e serena, - depois de um dia de chuva, - ah! o garoto que sou! tive desejos de apanhar aquela mulher morena que passou!
( Poema de JG de Araujo Jorge do livro Os mais belos poemas que o amor inspirou - 1965 )
Formatação Luna
| | | | | | | | | | | | | | |
|
|
Reply |
Message 31 of 42 on the subject |
|
Pequeno Canto Num Dia de Luta"
(Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro A Outra Face - 1949)
E esta luta. Nunca chegar em casa. O chuveiro, a secretária, os livros, a música, a janela aberta, e ainda um resto de tarde a escorrer como paisagem.
E esta luta. A rua que entra conosco, a poeira, os ruídos, os automóveis espatifados, a derrapagem [estridente, o atropelado palavrão.
Nem saber que ouve tarde,
esquecer os horizontes, nem encontrar a noite, nem chegar às estrelas, apenas o gás neon, os letreiros alucinados, a luz caminhando, escorrendo nas ruas, nos bondes fantásticos.
Nunca chegar em casa. Viajar no livro aberto e conversar com o mundo, sem interrupção.
apenas com a secretária, a cadeira conhecida que guarda nosso corpo na ausência, a paisagem calma, retangular, de onde podem surgir tantas viagens imprevistas.
Nunca chegar em casa. O lirismo doméstico num sorriso que apaga as nuvens e os ruídos.
A sensação trágica de espreita criminosa do desejo burguês que assassinará o poeta [cotidianamente na cotidiana e sempre frustrada tentativa de fuga.
|
|
|
Reply |
Message 32 of 42 on the subject |
|
Desejos... na Manhã de Sol
( Poema de JG de Araujo Jorge do livro
Os mais belos poemas que o amor inspirou - 1965 )
Na manhã de sol bela e serena, depois de um dia de chuva depois que à noite ventou, - tive desejos de apanhar aquela mulher morena que passou . . .
Devia ter na boca rubra um gosto de uva um gosto bom de vinho, e quando ela me olhou, - pensei na fruta madura que o vento da noite derrubou à margem do caminho...
Ah! o garoto que fui! Ah! o garoto que sou! Na inquietação da minha vida, nas voltas do meu caminho, sempre a vontade incontida de desejar as frutas do quintal vizinho!
Na manhã de sol bela e serena, - depois de um dia de chuva, - ah! o garoto que sou! tive desejos de apanhar aquela mulher morena que passou!
|
|
|
Reply |
Message 33 of 42 on the subject |
|
|
"Alvorada Eterna"
Quando formos os dois já bem velhinhos, já bem cansados, trôpegos, vencidos, um ao outro apoiados, nos caminhos, depois de tantos sonhos percorridos...
Quando formos os dois já bem velhinhos a lembrar tempos idos e vividos, sem mais nada colher, nem mesmo espinhos nos gestos desfolhados e pendidos...
Quando formos só os dois, já bem velhinhos, lá onde findam todos os caminhos e onde a saudade, o chão, de folhas junca...
Olha amor, os meus olhos, bem no fundo, e hás de ver que este amor em que me inundo é uma alvorada que não morre nunca!
J. G. de Araujo Jorge
| | |
|
|
Reply |
Message 34 of 42 on the subject |
|
"A Luz"
Ela veio...( E a minha alma tinha a porta aberta, e ela entrou...Casa vazia e estranha, esta que em plena luz do dia lembrava a tumba de uma noite morta...)
Que ela havia chegado, eu nem sabia... Mas, pouco a pouco, e a data não importa, minha alma, por encanto, se conforta, e há risos pela casa...E há alegria...
Quem abrira as janelas? Quem levara o fantasma da dor sempre ao meu lado? Os antigos retratos, quem rasgara?
E acabei por fazer a descoberta: - ela espantara as sombras do passado e a luz entrara pela porta aberta!
J. G. de Araujo Jorge |
|
|
Reply |
Message 35 of 42 on the subject |
|
"Amargura"
Só podes me ofertar o silêncio e a amargura, - meu pobre amor de ti só espera a indiferença... Perdoa o meu amor... perdoa-me a loucura que quem tem, como eu tenho, um coração, não pensa...
Há muito pela vida eu seguia à procura de alguém que viesse encher de luz minha descrença... Foi então que te vi... e julguei que a ventura pudesse ainda encontrar nesta jornada imensa...
E foi assim que um dia eu fui sentimental... Acreditei no amor... E, talvez por castigo fizeste-me sofrer - mas não te quero mal...
Quem amou, fui eu só... Eu nunca fui amado!... Mereço a minha dor, e este sofrer bendigo na amargura cruel de me julgar culpado!
J. G. de Araujo Jorge |
|
|
Reply |
Message 36 of 42 on the subject |
|
|

Essa...
Essa, que hoje se entrega aos meus braços escrava olhos tontos do amor de que aos poucos me farto, ontem... era a mulher ideal que eu procurava que enchia a minha insônia a rondar o meu quarto...
Essa, que ao meu olhar parado e indiferente há pouco se despiu - divinamente nua -, já me ouviu murmurar em êxtase, fremente: - Sou teu! ... E já me disse, a delirar: - Sou tua !
Essa, que encheu meus sonhos, meus receios vãos, num tempo em que eram vãos meus sonhos, meus receios, já transbordou de vida a nsia das minhas mãos com a beleza estonteante e morna dos seus seios !
Essa, que se vestiu... que saiu dos meus braços e se foi... - para vir, quem sabe? uma outra vez. - segui-a... e eu era a sombra dos seus próprios passos.. - amei-a... e eu era um louco quando a amei talvez...
Hoje, seu corpo é um livro aberto aos meus sentidos já não guarda as surpresas de antes para mim... (Não importa se há livros muita vez relidos importa... é que afinal, todos eles têm fim...
Essa, a quem julguei Ter tanta afeição sincera e hoje não enche mais a minha solidão, simboliza a mulher que sempre a gente espera... mas que chega, e se vai... como todas vão...
(Poema de JG de Araujo Jorge, do livro - Amo – 1939)

| | | |
|
|
Reply |
Message 37 of 42 on the subject |
|


!!!Bom Dia, Amigo Sol!!!

Bom dia, amigo Sol! A casa é tua! As bandas da janela abre e escancara, - deixa que entre a manhã sonora e clara que anda lá fora alegre pela rua!
Entre! Vem surpreendê-la quase nua, doura-lhe as formas de beleza rara... Na intimidade em que a deixei, repara Que a sua carne é branca como a Lua!
Bom dia, amigo Sol! É esse o meu ninho... Que não repares no seu desalinho nem no ar cheio de sombras, de cansaços...
Entra! Só tu possuis esse direito, - de surpreendê-la, quente dos meus braços, no aconchego feliz do nosso leito!...
( Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro Eterno Motivo; - Prêmio Raul de Leoni, da Academia Carioca de Letras - 1943 )
| |
|
|
Reply |
Message 38 of 42 on the subject |
|
|

no gesto do galho, na gota de chuva, na rosa vermelha, no canto da criança estarei? Difícil é achar-me disperso me encontro na face das coisas que chegam, que passam
Um olho no rio, um pé no caminho, o sangue na aurora, as mãos pelo mar, quem sabe onde estou?
Talvez passe junto a mim mesmo, quem sabe? Me olho nos olhos, me toco nas mãos, me falo e respondo não me reconheço. Vou seguindo meu caminho a procurar-me.
"Procura"
(Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro A Outra Face - 1949)
Vou seguindo meu caminho a procurar-me. Estarei na estrela? Na vaga do mar? Atrás da montanha? Na água que corre estarei? Na rua, no avião, no pássaro livre
| | | | |
|
|
Reply |
Message 39 of 42 on the subject |
|
|

"Maldade "
Tu podes ser igual a todo o mundo
teres defeitos mais que toda a gente,
- que importa ? se este amor cego e profundo
teima em dizer que te acha diferente !
Para mim (eu que te amo como um louco)
os que falam de ti são línguas más,
- ah ! todo o amor que te dedico é pouco
e é sempre pouco o amor que tu me dás !
Sou a sombra que segue os teus desejos
e aos teus pés, numa oferta extraordinária
a minha alma vendeu-se por teus beijos...
Falam de ti... Escuto-os... Fico mudo...
Quanta maldade cruel, desnecessária
se eu já sei quem tu és... se eu sei de tudo !
(Poema de JG de Araujo Jorge extraído
do livro " AMO ! " 1a edição 1938 )

| | | |
|
|
Reply |
Message 40 of 42 on the subject |
|
|

no gesto do galho, na gota de chuva, na rosa vermelha, no canto da criança estarei? Difícil é achar-me disperso me encontro na face das coisas que chegam, que passam
Um olho no rio, um pé no caminho, o sangue na aurora, as mãos pelo mar, quem sabe onde estou?
Talvez passe junto a mim mesmo, quem sabe? Me olho nos olhos, me toco nas mãos, me falo e respondo não me reconheço. Vou seguindo meu caminho a procurar-me.
"Procura"
(Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro A Outra Face - 1949)
Vou seguindo meu caminho a procurar-me. Estarei na estrela? Na vaga do mar? Atrás da montanha? Na água que corre estarei? Na rua, no avião, no pássaro livre
| | | | |
|
|
Reply |
Message 41 of 42 on the subject |
|
Esta Saudade
Esta saudade és tu... E é toda feita de ti, dos teus cabelos, dos teus olhos que permanecem como estrelas vagas: dos anseios de amor, coagulados.
Esta saudade és tu... É esse teu jeito de pomba mansa nos meus braços quieta; é a tua voz tecida de silêncio nas palavras de amor que ainda sussurram...
Esta saudade são teus seios brancos; tuas carícias que ainda estão comigo deixando insones todos os sentidos.
Esta saudade és tu... é a tua falta viva, em meu corpo, na minha alma, viva, ... enquanto eu morro no meu pensamento.
J.G.de Araújo Jorge
|
|
|
Reply |
Message 42 of 42 on the subject |
|
From: LIFE |
Sent: 20/12/2009 11:26 |
Faltam 15 minutos para editar seu comentário. |
|
|
First
Previous
28 a 42 de 42
Next
Last
|