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Ave da Esperança
Passo a noite a
sonhar o amanhecer. Sou a ave da esperança. Pássaro triste
que na luz do sol Aquece as alegrias do futuro, O tempo que
há-de vir sem este muro De silêncio e negrura A cercá-lo de
medo e de espessura Maciça e tumular; O tempo que há-de vir -
esse desejo Com asas, primavera e liberdade; Tempo que
ninguém há-de Corromper Com palavras de amor, que são a morte
Antes de se morrer.
Miguel Torga
IN: Penas
do Purgatório

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