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QUEM
OBSERVA O VENTO NUNCA SEMEARÁ
Viver não é dificil, mas a gente complica.
Queremos entender tudo, saber tudo, ter a ciência e as
ferramentas e construir um mundo que, na realidade, está
muito além de nós.
Cada dia que passa nos
surpreendemos com os acontecimentos, como se não
fossem previsíveis e tentamos construir à nossa volta
a redoma que vai nos proteger e dar abrigo aos nossos.
O que
acontece aos outros pode nos acontecer, como o ar que invade cada
narina dos animais e dos homens e os torna iguais,
mortais e dependentes de uma força Maior. Essa realidade
às vezes nos choca, como se não fôssemos, cada um, o
outro para um outro.
E ter consciência da vida, da sua
fragilidade e beleza não deveria
nos intimidar.
Cada dia basta a si mesmo e se
as dores de ontem continuam doendo no peito, as
possíveis alegrias do amanhã devem nos fazer olhar para o momento
presente e construir com ele o melhor que podemos
com as nossas mãos.
Precisamos viver agora
como se o instante seguinte não fosse existir e fazer de cada
momento o mais precioso de todos. Precisamos dar de
nós com a consciência que o que fazemos ou deixamos de fazer
fica enraizado nos que prosseguem nosso
caminho.
O amor, o ódio, a esperança e a
desilusão são sementes que plantamos. O sorriso é o
sol que oferecemos e o abraço o calor que abriga a vida. Cada
instante temos escolhas, cientes ou inconscientes e elas
constroem o que somos ou deixamos
de ser.
Quem observa o vento, nunca semeará.
Mas aquele que estuda seu coração e olha para o Alto,
esse possuirá campos imensos e nada lhe será recusado. Deus ama ao
que dá com alegria e oferece com
alegria ao que ama.
Se tiver que deixar uma herança
aqui na terra, que seja esta: o bem que você fez
sem contar e sem escolher.
Somos todos sim,
construídos do mesmo barro, mas nosso coração se modela cada
dia, com cada lição, cada porta que abrimos, cada mão
que oferecemos.
©
Letícia Thompson
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