|     Sou Mulher ( 
Sonhos mais íntimos ) Delasnieve Daspet   Não 
há um instante. Não há um momento.
 Nem o suave sussurro da brisa.
 Nem as saudades que sobraram
 De andanças antigas,
 Me deixam esquecer
 Que sou vento. Que sou terra.
 Que sou canto.Que sou quimera!
 
 Que 
tenho no corpo o cheiro da noite.
 Nos lábios o gosto do mato.
 Nas 
entranhas, o mel silvestre,
 E no olhar orvalhado trago o
 Doce e meigo 
luar do sertão!
 
 Sou humilde flor pequenina
 Que se abre pela manhã
 à espera do sol
 P'ra desabrochar seu amor!
 
 Sou o sertão.
 Sou 
o sabiá que canta
 No galho da mangueira.
 Sou a chuva que pinga e 
respinga
 Molhando a terra seca
 Que faz florescer a roseira!
 
 Sou 
o cheiro da terra molhada,
 Da fantasia alucinante,
 Dos rios, cascatas, 
pntanos,
 Sou o verso único e maior
 do poeta sonhador!
 
 Sou a 
mentira. O sonho. A ilusão.
 Sou a verdade da lágrima
 No bom dia que 
raia!
 
 Sou a canção de ninar.
 Sou a agulha do bordado.
 Sou a broa 
quentinha,
 Sou o fogo no chão,
 Sou paixão.
 
 Sou o teu lugar 
vazio.
 Sou a melancolia.
 Sou a ausência total
 Dos movimentos e de 
vozes!
 
 
 Sou companheira. Sou parceira.
 Que mais queres de mim,
 Se já sou tu e não eu?
 
 E na saudade que nos afasta
 Sou a 
lembrança
 Dos sonhos mais íntimos!
     
   |