| Uma 
mãe é, antes de tudo e nada, uma mulher. Muitos se esquecem disso. E se esquecem 
tanto, que no fim das contas ela acaba se esquecendo 
também. Uma 
mãe foi primeiro uma menina. Brincou de boneca, de casinha e de roda. Usou 
trança, subiu em árvores, foi moleca, se apaixonou, brigou, se revoltou... se 
tornou mulher aos poucos, à custa de tropeços e degraus... até descobrir o 
desejo de maternidade, que nasceu nela com uma força tal que ela pôde ser capaz 
de se esquecer de si mesma para dar lugar a esse 
desejo. E com 
a vinda do filho, a mulher deixa aos poucos, aos próprios olhos e aos olhos de 
todos, de ser mulher em essência, ela torna-se "mãe." Uma marca para o resto da 
vida. Mas, em nós, sabemos que uma coisa não anula a outra. 
 Mesmo 
se temos outras obrigações, coisas a mais na nossa vida, continuamos sendo antes 
de tudo mulheres. Muitos maridos não entendem isso. Por isso às vezes depois da 
chegada dos filhos procuram outras mulheres, pois a que têm em casa é a 
mãe.  Filhos também não entendem isso. Ou raramente. Para eles, 
mãe não é mulher, é mãe. A mãe dos outros pode até ser mulher, mas não a 
própria. Portanto, dentro de nós existe uma princesa que nunca vai 
morrer; existe uma moça que se encanta e corre o risco de se apaixonar; existem 
emoções que podem não estar necessariamente ligadas à família. Existem os 
sonhos, vontade de ser amada e desejada como fêmea. Os 
homens que não entendem o porquê de uma mulher não gostar de receber coisas para 
a casa em ocasiões especiais, esses se esqueceram ou nunca souberam 
completamente o que é uma mulher.  Para 
se agradar uma mulher, é preciso tocar fundo no seu coração. Penso que é difícil 
se sentir tocada quando se recebe coisas que só fazem com que nos lembremos que 
existimos para lavar, passar, cozinhar e educar os filhos. Porque mulher é muito 
mais que isso. Mais que parideira, lavadeira e tantos eira. Mais que santa. Uma 
mulher é simplesmente um ser humano e o que mais deseja é ser tratado como 
tal. Uma 
mulher, mãe ou não, é uma jóia que, se lapidada e cuidada carinhosamente, como 
se deve, encanta e enriquece a vida de qualquer pessoa.     Letícia 
Thompson |