Como  amar essas flores tão desiguais a nós? Ah, não inferiores, menos belas ou menos  interessantes, mas desiguais mesmo.
Essas  que dizemos branco e nos respondem preto, dizemos direita e nos mostram a  esquerda, se melindram por qualquer coisinha a um ponto que nos parece  impossível achar um lugar, mesmo apertadinho, dentro do nosso  coração.
Talvez seja possível olhando para nosso interior, tirando  a  máscara, lavando o rosto e reconhecendo nossas próprias imperfeições, que  tanto tememos encontrar nos outros. 
O que  nos assusta nos outros não é o fato de serem que são, mas de nos mostrarem quem  somos. 
É o  mesmo quando achamos todos os defeitos de educação nos filhos dos outros e  fechamos os olhos dentro da nossa própria casa. Ou quando achamos soluções e  somos bons conselheiros para os outros, mas nossas gavetas continuam cheias de  coisas das quais não conseguimos nos livrar. 
A  honestidade de cada um de nós deveria ser vista primeiro e antes de todas as  coisas diante do nosso espelho, num dia bem claro, onde todas as marcas são  visíveis, todos os detalhes, perceptíveis. 
Se  somos capazes de nos amar apesar de tudo, somos capazes de amar os outros apesar  de tudo.
As  pessoas são quem são, elas possuem belezas que nem sempre mostram, dores que  nunca percebemos, segredos ou temores escondidos no mais profundo da alma e  defeitos que podem ser vistos e compreendidos... exatamente como  nós!!!
Nós,  que buscamos compreensão, atenção, tolerncia, perdões e o amor dos outros,  somos, no fim das contas, flores imperfeitas como tantas  outras.
Mas  mesmo as flores imperfeitas merecem seu dia de sol na terra, porque são  imperfeitas, mas são e serão eternamente flores.
 
Letícia Thompson