´`A luz à luz de velas   Fim de tarde, a chuva cai.. Raios que cortam o céu Levam consigo a energia elétrica do bairro A escuridão se estabelece As horas passam e nada acontece Nenhuma providência foi tomada Continuamos no escuro Nas casas e nas ruas Acendo velas e mais velas Tento ler, estudar Impossível! Meus olhos não me obedecem Eles querem a luz elétrica Nessa luzinha de velas? Nada feito... nada enxergo! Só me resta... Nada fazer! Olho pela janela e vejo luzes ao longe Tão perto tão distantes! Tal qual o tempo que me separa Em anos, dos meus pais Quantas coisas mudaram Quantas coisas inventaram Para meu conforto e tranqüilidade. Minha casa é equipada: Tenho Rádio, TV, Micro-ondas, Computador, Telefone sem fio E também Celular. Chuveiro elétrico, Ar condicionado, E estou totalmente isolada Nada funciona... Cadê a energia elétrica? Penso... vou passear. Mas moro no oitavo andar! E o elevador está parado! Arrisco-me, é bom um exercício O que são oito andares? Empreito a descida, bem resolvida Entro na garagem. Mas nela fico presa... Sem eletricidade o controle do portão Não funciona. O jeito é fazer outro exercício E mais oito andares subir. Mas e a vela que apagou? Não enxergo os degraus Mas tropeçando lá vou eu. Exausta chego a casa Com custo abro a porta Deito-me na cama E reclamo: Porque não nasci junto com meus pais? Lá nada tinha de moderno Mas era bem mais fácil viver à noite à luz de velas Era reunir os vizinhos Sentar na porta da rua E belos causos ouvir. Maringela Rocha (Mayra)