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MARCADO CORPO ARNEYDE T. MARCHESCHIDesenhos abstratos marcam o corpo, esculpindo
 detalhes de noites de amor
 perdida nas saudades,
 hoje cicatrizes curadas.
 
 Flores pintadas
 com a aquarela da paixão
 hoje descoloridas, manchadas
 pelo passar dos anos
 esquecida no coração.
 
 Rastros de nós dois
 daquela velha chama
 do amor em combustão,
 hoje só recordação.
 
 Quando na profusão do tesão
 embriagados e entorpecidos
 esquecíamos do mundo
 vivendo só de emoção.
 
 Nos lençóis o cheiro agridoce
 dos suores de nossos corpos
 hoje recebem a lavanda
 e a alvura da mulher triste,
 que esconde os desejos
 insanos dos prazeres da carne.
 
 Lágrimas escondidas nos
 travesseiros, confidente
 mudo das fantasias vividas, no ontem,
 hoje se apresentam como fantasmas
 na caverna escura onde
 o corpo ardente se refugiou.
 
 Como um filme em preto e branco
 as cenas se repetem
 com os mesmos protagonistas,
 as mesmas coreografias,
 as mesmas músicas.
 
 A única diferença nítida
 é que ontem era um casal apaixonado,
 hoje, um corpo sem rosto
 frio, sem calor, inerte
 que não vibra mais...
 
 Apenas assiste ausente, compadecido
 o envelhecer do corpo tão amado
 corroído pela imensa solidão
 encarcerado pelas marcas cruéis
 do destino que lhe roubou todos
 os sentidos de viver.
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