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notcias: "SALVEM A PALAVRA"
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De: misabelantunes1  (Missatge original) Enviat: 22/10/2008 00:52

Literatura: D. José Policarpo pede "a todos os que falam ou escrevem" que salvem a Palavra

21 de Outubro de 2008, 19:01

Lisboa, 21 Out (Lusa) - O cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, exortou hoje "todos os que falam ou escrevem, na Igreja e fora dela, nos palcos da política, da cultura, da comunica챌찾o social", a que "salvem a Palavra".

"N찾o a matem sufocada pelas 'vozes', pois só a Palavra maturada no sil챗ncio será ouvida e desencadeará nos outros caminhos de vida", afirmou o cardeal patriarca na Funda챌찾o Gulbenkian, numa confer챗ncia inserida no programa da exposi챌찾o Weltliteratur e subordinada ao tema "Literatura e o drama da Palavra".

Para o patriarca, a Palavra "exprime a densidade do drama humano, do sofrimento, do desejo e anseio, da busca da verdade, da defini챌찾o de um projecto".

"Ao contemplar a sociedade em que vivemos, assusta-me a hipótese de que as 'vozes' possam abafar a Palavra", disse D. José Policarpo, que come챌ou por explicar que o convite para esta confer챗ncia partiu do interesse em ouvir a sua experi챗ncia de rela챌찾o com a Palavra.

Nas primeiras etapas da sua vida, o patriarca disse n찾o descortinar "nenhum papel significativo da leitura".

"Foi o tempo dos modelos vivos de pessoas que me marcaram", observou, adiantando que mais tarde leu autores "que procuravam demonstrar racionalmente a exist챗ncia de Deus" e outros "que questionavam a exist챗ncia de Deus, de Marx a Camus".

"Ainda n찾o tinha percebido que Deus n찾o é prisioneiro de nenhum tipo de conhecimento ou de sabedoria", afirmou.

D. José Policarpo citou o seu interesse por autores da literatura portuguesa como E챌a de Queiroz, Camilo, Júlio Dinis ou Almeida Garrett e poetas como Antero de Quental, Florbela Espanca, José Régio, Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner ou Miguel Torga.

"Os textos mais apaixonantes s찾o aqueles em que o autor deixa um vasto espa챌o para o leitor", disse, sustentando que "toda a verdadeira literatura tende a tornar-se clássica, porque 'um clássico é um livro que nunca acabou de dizer o que tem a dizer'".

Sobre a Bíblia, o cardeal patriarca considerou que "cumpre cabalmente essa defini챌찾o" de clássico.

"Mas a Bíblia não é um livro, é uma biblioteca, comporta dezenas de livros de autores distintos, de diversas épocas e em variados estilos literários, que vão da narrativa histórica ou simbólica, ao género epistolar e à poesia", definiu.

"Desconhecer a Bíblia n찾o é apenas uma car챗ncia do ponto de vista religioso, mas é também uma iliteracia cultural, pois significa perder de vista uma parte decisiva do horizonte onde historicamente nos inscrevemos", considerou.

A exposi챌찾o Weltliteratur apresenta textos literários, documentos e obras de arte que mostram a literatura e os autores da gera챌찾o de Fernando Pessoa.

A par desta exposi챌찾o, inaugurada a 30 de Setembro e patente até 4 de Janeiro, a Funda챌찾o Calouste Gulbenkian organizou um ciclo de 18 confer챗ncias, convidando figuras de diferentes áreas a falarem de um tema em torno da literatura.

Rui Vieira Nery, Maria Filomena Mónica, Vasco Gra챌a Moura, Pacheco Pereira e Eduardo Batarda s찾o alguns dos convidados para as próximas confer챗ncias, sendo o escritor V.S. Naipaul (distinguido com o Nobel da Literatura em 2001) o orador a 22 de Novembro.

EO.

Lusa/fim



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