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histria: MADAGÁSCAR E AS NAUS DA ÍNDIA
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De: nhungue  (Mensaje original) Enviado: 18/02/2009 10:00
 


MADAGÁSCAR E AS NAUS DA ÍNDIA



Foi logo nos primeiros anos do século XVI que os Portugueses conheceram a ilha de Madagáscar, visto que em 1505 já a refe­riam com o nome de S. Lourenço. Havia muito que os Árabes frequentavam as suas costas e ali comerciavam. À Europa, porém, chegara apenas a notícia muito vaga de uma grande ilha que os geógrafos localizavam ao acaso no oceano Índico.

O interesse dos Portugueses pela exploração de Madagás­car dependeu da maior ou menor importância que se atribuiu a esta ilha dentro da rota da carreira da índia (mapa vi). As armadas optavam, às vezes, por uma rota «por fora», isto é, passando a oriente da ilha. Deste modo evitavam a invernada em Moçambique, escapando ao regime de monções que se faz sentir entre a costa de África e da índia. Para alguns dos que preferiam a rota «por fora» a ilha de S. Lourenço era um ponto--chave da carreira. À semelhança do que sucedeu com a região do cabo, havia quem defendesse o estabelecimento de um porto na costa oriental da ilha.

Sucessivos naufrágios na região mostravam a necessidade de estabelecer um ponto de reunião para os barcos dispersos pelos temporais e até para os náufragos que conseguiam atingir a ilha. Em 1506 Tristão da Cunha fez o reconhecimento da costa ocidental, mas parte da armada perdeu-se nas imediações do extremo norte da ilha. Outros naufrágios se seguiram. Em 1530 Duarte e Diogo da Fonseca na sua viagem junto à costa recolheram alguns náufragos portugueses que afirmavam andarem companheiros seus pela ilha, à aventura. Efectivamente, em 1527, dois navios da armada de Manuel de Lacerda tinham naufragado na costa ocidental. Depois de esperarem durante um ano junto à costa o aparecimento de algum navio, decidiram atravessar a ilha. Certamente buscavam a região do actual Fort Dauphin, onde os navios da carreira da índia mais frequente­mente tocavam. Segundo a tradição indígena, estes ou outros portugueses viveram no interior, deixando descendentes mesti­ços no sudoeste (1).

Em 1556 chegou a preparar-se uma expedição destinada a construir uma fortaleza no melhor ponto da costa oriental, pro­mover o povoamento e iniciar a missionação (2). Esta iniciativa coincidiu com o período em que andou mais acesa a discussão sobre a introdução de profundas modificações na carreira da índia, inclusivamente a substituição da rota «por dentro» pela rota «por fora».

Durante a segunda metade do século XVI a rota «por fora» foi desaconselhada pelo governo e consequentemente o interesse pela exploração da ilha decresceu. As relações comerciais com Moçambique, ainda que contrariadas pelos Árabes, mantiveram uma certa regularidade. A noroeste, Mouros e Portugueses comerciavam com o reino de Tinguimaro, o rei mais poderoso da ilha. Assim foram sendo trazidas notícias sobre o interior. Nos finais do século XVI já se sabia que a terra era fértil, com «muito milho, legumes..., cidras, limas muito boas, canas-de--açúcar e gengivre, muitas fontes e ribeiras, silvados e bosques desertos em que se criam muitas feras e animais silvestres. Acham-se nelas minas de ferro e cobre l... ] e também dizem que tem minas de prata» (3) (fig. 30). Sabia-se igualmente que era governada por mais de quarenta reis, habitualmente em guerra uns com os outros.

No final do século XVI a rota da carreira da índia sofria os primeiros ataques no Índico da parte dos Holandeses. Era preciso despistar o inimigo. Recorreu-se então à rota «por fora», que, além de abreviar a viagem, permitia variar a época do ano da navegação. Em 1613, Paulo Rodrigues da Costa foi encarre­gado de fazer o roteiro da ilha e descrição de tudo quanto pudesse saber enquanto procedia à busca de possíveis náufragos. Chegados ao porto de S. Lucas, junto do actual Fort Dauphin, na parte sul da costa oriental de Madagáscar, tiveram notícia de que, havia mais de cem anos, ali naufragara um navio com muitos homens brancos. Os sobreviventes haviam-se fixado, a cerca de 30 quilómetros da costa, numa ilhota do rio Fanjahira a que tinham chamado ilha de Santa Cruz, Aí haviam construído uma fortificação em cujas pedras se encontravam lavradas as armas de Portugal, a cruz de Cristo e outros elementos portu­gueses e cristãos. Este fortim mantinha ainda de pé, há alguns anos, três panos de muralhas. Casados com mulheres indígenas lã tinham deixado numerosa prole e larga influência, «tanto que povoaram muitas partes do meu reino e a ilha de Santa Cruz,


Fig. 30 — Habitantes de Madagáscar.


formando nela uma muito grande e populosa cidade», contava o rei da terra aos Portugueses em 1613. Nomes como João Pinto, Ana Pinta, João Rebelo eram frequentes entre as famílias domi­nantes. Um velho de 90 anos conhecera esses homens brancos e lembrava-se de os ver caçar com espingardas. Deles ficaram o sinal da Cruz, muito venerado, e vocábulos portugueses. Alguns tinham construído barcos para se fazerem ao mar, prometendo voltar: deles nada mais se soube. Outros tinham ficado com o capitão, que morrera no meio da maior veneração. Suspeitava-se que o rei os matara, talvez com receio da sua força (1). Eis uma verdadeira aventura cujos pormenores se desconhecem.

Alguns missionários tentaram em 1613 e em 1616 reacen­der os vestígios do cristianismo aí deixado pelos Portugueses. Todos, porém, ao cabo de muito sofrimento se viram obrigados a desistir.

Mais tarde, em meados do século XVI, um tal Bocarro, talvez o próprio Gaspar Bocarro, que em Moçambique fez uma viagem entre Tete e Quíloa, «atravessou a ilha de S. Lourenço de mar a mar com el-Rei Tinguimaro, e bastou a sua espingarda, para franquear tudo, e vir o Rei e o seu exército vitorioso». Tendo depois vindo para Moçambique, Bocarro falava «da fer­tilidade da terra [...] e dizia que tinha serras de cristal, e minerais, e que a gente por dentro era bem afeiçoada, bons naturais, tiranizada com muitas guerras, uns com outros tudo para se apanharem, e venderem aos Mouros» (4).

A partir dos meados do século XVII os Portugueses deixam de tentar estabelecer-se e evangelizar a ilha de S. Lourenço. Holandeses e Ingleses haviam-se assenhoreado da rota «por fora», utilizando desde os últimos anos do século XVI aquela escala. Em 1643, os Franceses fundam o Fort Dauphin e declaram-se senhores da ilha.

BIBLIOGRAFIA

(1) Leitão, Humberto — Os Dois Descobrimentos da Ilha de S. Lourenço, Lisboa, 1970, pp. 7- 39, 199-254.

(2) Santos, M. Emília Madeira H. dos — O Carácter Experimental da Carreira da Índia. Um Plano de Fortificação da África do Sul (1556), Lisboa, 1969, pp. 46-47.

  1. Santos, Frei João dos — Ob.cit., vol. 1, pp. 283-284.

  2. Gomes, P.e António — «Viagem Que Fez o Padre António Gomes da Companhia de Jesus, ao Império de Monomotapa; e Assis­tência Que Fez das Ditas Terras durante Alguns Anos», Ms. de 1648, publicado, com anotações de Eric Axelson, in Studia, Lisboa, n.° 3, Jan. 1959, p. 232.





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