Não sei se vou conseguir, mas vou pelo menos tentar, antes porém saibam que já chorei hoje, realmente com esta idade e ainda tão chorona...

Pois é mudei de número, do 17 passei para o 9, grande salto, a pena foi reduzida mas não fiquei feliz, são muitas atenuantes, mas também  algumas dificeís de conseguir, o que não quer dizer que não vou conseguir; " meu marido costuma dizer", arre quandos queres uma coisa não paras", e é verdade.

Hoje não resisti e fui até lá dar uma espreitadela, aquela que fora a minha casa, era agora um esqueleto onde faltavam varios orgãos, depois dei a volta e vi ainda algumas florinhas do jardim que não me foi poossível trazer, e sem querer meus olhos choraram, mas logo senti vergonha da minha tristeza quando vi o Limoeiro que eu mesma plantei á 30 anos impávido e sereno, e me lembrei que as árvores morrem de pé, porque seria tão fraca?!

Senti uma mão no ombro, éra o Manel cigano que também havia sido nosso vizinho, e que no momento gamava uns fiozitos de cobre para vender, me sorriu e colheu um botão de rosa vermelha que parecia me estar esperando, vim embora, e cá estou mas já sequei ( por agora) as lágrimas.

Estou no piso de cima, junto á janelinha onde vejo sem que me vejam, passar de tudo um pouco...

Para descer ao salão nobre tenho de descer uma rampa cujas mãos tem de estar bem seguras, caso contrário só irei parar no elevador de Santa Justa... Lá de parceria com a sala uma cozinha alegre e solarenga (valha-me ao menos isso), para voltar ao piso onde estou e onde ficam o resto dos aposentos, tenho de subir a maldita barreira, que se me faltam as rédias lá vou eu de carrilhão até ao Cais do Sodré bem pertinho da linha que vai até Cascais nada mau...

Tenho depois os quartos, e esquecendo o que ainda me faz mal lembrar a Sala do Terror, por isso fico por aqui, vou descer á cozinha e beber um café voltando, em bem calhando a passar por esta rua para vos falar do nome desta rua.

São Percheiro