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General: A morte da executiva bem-sucedida 
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| De: isaantunes  (Mensaje original) | 
Enviado: 22/04/2010 21:46 |   
   A morte da executiva bem-sucedida
 
                                                      Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou-se. Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso Portal.
  Ainda meio tonta, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas. Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava a acontecer, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes:
  - Enfermeiro, eu preciso voltar com urgência para o meu escritório, porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque o meu seguro de saúde é Platina, e isto aqui está a parecer-me mais a urgência dum Hospital público. Onde é que nós estamos?
  - No céu.
  - No céu?...
  - É.
  - O céu, CÉU...?! Aquele com querubins, anjinhos e coisas assim?
  - Exacto! Aqui vivemos todos em estado de graça permanente.
  Apesar das óbvias evidências, ausência de poluição, toda a gente a sorrir, ninguém a usar telemóvel, a executiva bem-sucedida levou tempo a admitir que havia mesmo batido a bota.
  Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana iria receber o bónus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa.
  E foi aí que o interlocutor sugeriu:
  - Talvez seja melhor a senhora conversar com Pedro, o coordenador.   
       - É?! E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?      - Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.   
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  |     - Assim? (...)   
     - Quem me chama?
  A executiva bem-sucedida quase desabava da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro.
  Mas, a executiva tinha feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu logo:
  - Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e...
  - Executiva... Que palavra estranha. De que século veio?
  - Do XXI. O distinto vai dizer-me que não conhece o termo 'executiva'?
  - Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo.
  Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização.
  - Sabe, meu caro Pedro. Se me permite, gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para essa gente toda aí, só na palheta e andando a toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistémica.
  - É mesmo?
  - Pode acreditar, porque tenho PHD em reorganização. Por exemplo, não vejo ninguém usando identificação. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê?
  - Ah, não sabemos.
  - Percebeu? Sem controlo, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar em anarquia. Mas podemos resolver isso num instante implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance.
  - Que interessante...
  - É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver.
  - !!!...???...!!!...???...!!!
  - Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Accionista... Ele existe, certo?
  - Sobre todas as coisas.
  - Óptimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, parece-me extremamente atractivo.
  - Incrível!
  - É óbvio que, para conseguir tudo isso, teremos de nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias da praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho a certeza de que vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar num Turnaround radical.     - Impressionante!
  - Isso significa que podemos partir para a implementação?
  - Não. Significa que a senhora terá um futuro brilhante... se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque acaba de descrever, exactamente, como funciona o Inferno...   Max Gehringer(Revista Exame)     |                                                      
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De: mayrameireles | 
Enviado: 22/04/2010 22:40 |  
 | Isabel,
         Adorei!
         Posso pegar emprestado?
         Beijinhos,
                    Mayra |  
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