|   PARTICIPAçãO  DISCIPLINAR MUITO   GRAVE:
  Professora agredida: Leonídia  Marinho
  Grupo  Disciplinar:  10º B - Filosofia
  Agressor: Contextualização:
  Dia vinte  e seis  de Março de 2010. Último dia de aulas. às 14 horas dirigi-me à sala  15 no  Pavilhão A para dar a aula de Área de Integração à turma 10º DG do  Curso  Profissional de Design Gráfico. Propus aos alunos a ida à exposição  no  Polivalente e à Feira do Livro, actividades a decorrer no mbito dos  dias da  ESE. A grande maioria dos elementos da turma concordou, com excepção  de três  ou quatro elementos que queriam permanecer dentro da sala de aula  sozinhos.  Deixar que os alunos fiquem sozinhos na sala de aula sem a presença  do  professor é algo que não está previsto no Regulamento Interno da  Escola pelo  que, perante a resistência dos alunos que não manifestavam  qualquer interesse nas actividades supracitadas decidi que ficaríamos  todos  na sala com a seguinte tarefa: cada aluno deveria produzir um  texto subordinado ao tema "A socialização" o qual me deveria ser  entregue  no final da aula. Será preciso dizer qual a reacção dos alunos?  Apenas poderei afirmar que os alunos desta turma resistem sempre  pela negativa a qualquer trabalho porque a escola é, na sua  perspectiva,  um espaço de divertimento mais do que um espaço de trabalho. Digamos  que é  uma Escola a fingir onde TUDO É PERMITIDO!
  É muito fácil não ter  problemas com os alunos. Basta concordar com eles e obedecer aos seus   caprichos. Esta não é, para mim, uma solução apaziguadora do meu  estado de  espírito. Antes pelo contrário. A seriedade é uma bússola que sempre  me  orientou mas tenho que confessar, não raras vezes, sinto imensas  dificuldades  em estimular o apetite pelo saber a alunos que têm por este um  desprezo  absoluto. As generalizações são abusivas. Neste caso, não se trata de   uma generalização abusiva mas de uma verdade inquestionável.  Permitam-me um desabafo: os Cursos Profissionais são o maior embuste  da  actual Política Educativa. Acabar com estes cursos? Não me parece a  solução. Alterem-se as regras.
  Factos ocorridos na  sala de  aula:
  Primeiro Facto: Dei início à aula não sem antes  solicitar  aos alunos que se acomodassem nos seus lugares. Todos o fizeram  exceptuando  o aluno ***********, que fez questão de se sentar em cima da mesa com   a intenção manifesta de boicotar a aula e de desafiar a autoridade  da professora.
  Dei ordem ao aluno para que se sentasse  devidamente e  este fez questão de que eu o olhasse com atenção para verificar que  ele,  ***********, já estava efectivamente sentado e ainda que eu não  concordasse  com a sua forma peculiar de se sentar no contexto de sala de aula,  seria assim que ele continuaria: sentado em cima da mesa. Por três  vezes insisti para que o aluno se acomodasse correctamente e por três   vezes o aluno resistiu a esta ordem.
  Reacção   da maioria dos elementos da turma: Risada geral.
  Reacção do aluno   *********: Olhar de agradecimento dirigido aos colegas porque afinal a  sua  "ousadia" foi reconhecida e aplaudida.
  Reacção da professora:  sensação de  impotência e quebra súbita da auto-estima.
  Senti este primeiro  momento de  desautorização como uma forma que o aluno, instalado na sua  arrogncia,  encontrou de me tentar humilhar para não se sentir humilhado.
  Como    diria Gandhi, "O que mais me impressiona nos fracos, é que eles precisam   de  humilhar os outros, para se sentirem fortes..."
   Saliento que  neste  primeiro momento da aula a humilhação não me atingiu a alma embora  essa fosse  manifestamente a intenção do aluno.
 
  Segundo  Facto: Dei ordem de  expulsão da  sala de aula ao aluno **********, com falta disciplinar. O aluno  recusou sair  da sala e manteve-se sentado em cima da mesa com uma postura de  "herói"  que nenhum professor tem o direito de derrubar sob pena de ter que  assumir as consequências físicas que a imposição da sua autoridade  poderá acarretar.
  Nem sempre um professor age ou reage da  forma mais  correcta quando é confrontado com situações de indisciplina na sala  de aula.  Deveria eu saber fazê-lo? Talvez! Afinal, a normalização da  indisciplina é  um facto que ninguém poderá negar. Deveria ter chamado o Director  da Escola para expulsar o aluno da sala de aula? Talvez...mas não o  fiz. Tenho a certeza de que se tivesse sido essa a minha opção a  minha fragilidade ficaria mais exposta e doravante a minha  autoridade ficaria arruinada.
  Dirigi-me ao aluno e conduzi-o  eu  própria, pelo braço, até à porta para que abandonasse a sala. O aluno   afastou-me com violência e fez questão de se despedir de uma forma  tremendamente singular: colocou os seus dedos na boca e em jeito de  despedida  absolutamente desprezível, atirou-me um beijo que fez questão de me  acertar  na face com a palma da mão. Dito de uma forma muito simples e SEM  VERGONHA:  Fui vítima de agressão. Pela primeira vez em aproximadamente vinte  anos de  serviço.
  Intensidade Física da agressão: Média (sem  marcas).
  Intensidade Psicológica e Moral da agressão: Muito  Forte.
  Reacção dos alunos: Riso Nervoso.
  Reacção do aluno  **********: Ódio visível no olhar.
  Reacção da professora:  Humilhação.
  Ainda que eu saiba que a humilhação é fruto da  arrogncia e  que os arrogantes  nada  mais são do que pessoas com complexos  de inferioridade que usam a humilhação para não serem humilhados, o  que eu  senti no momento da agressão foi uma espécie de visita tão incómoda quanto    desesperante. Acreditem: a visita da humilhação não é nada agradável e  só  quem já a sentiu na alma pode compreender a minha linguagem.
  Terceiro    Facto: O aluno preparava-se para fugir da sala depois de me ter  agredido e,  conforme o Regulamento Interno determina, todos os alunos que são  expulsos da  sala de aula terão que ser conduzidos até ao GAAF, Gabinete de Apoio  ao Aluno  e à Família. Para o efeito, chamei, sem êxito, a funcionária do  Pavilhão A,  que não me conseguiu ouvir por se encontrar no rés-do-chão. Enquanto  tal, não  larguei o aluno para que ele não fugisse da escola (embora lhe fosse  difícil fazê-lo porque os portões da escola estão fechados).
  Mais   uma  vez, o aluno agrediu-me, desta vez, com maior violência, sacudindo-me  os  braços para se libertar e depois de conseguir o seu objectivo,  começou a  imitar os movimentos típicos de um pugilista para me intimidar. Esta  situação  ocorreu já fora da sala de aula, no corredor do último piso do  Pavilhão  A.
  Reacção dos alunos (que entretanto saíram da sala para  assistir à  cena lamentável de humilhação de uma professora no exercício das  suas funções): Risada geral.
  Reacção do aluno ********:  Entregou-se à  funcionária que entretanto se apercebeu da ocorrência.
  Reacção   da  Professora: Revolta e Dor contidas que só o olhar de um aluno mais  atento ou  mais sensível conseguiria descodificar. Porque, acreditem: dei a aula  no  tempo que me restou com uma máscara de coragem que só caiu quando a  aula  terminou e sem que nenhum aluno se apercebesse. Entretanto, a  funcionária  bateu à porta para me informar que o aluno queria entrar na aula para  me  pedir desculpa pelo seu comportamento "exemplar".
  Diz-se que  um pedido  de desculpas engrandece as partes: quem o pede e quem o aceita. Não  aceitei  este pedido por considerar que, fazendo-o, estaria a pactuar com um  sistema  em que os professores são constantemente  diabolizados,  desprestigiados e  ameaçados na sua integridade física e moral. Em última análise, a  liberdade  não se aliena. O aluno escolheu o seu comportamento. O aluno deverá  assumir as consequências do comportamento que escolheu e deverá  responder  por ele. É preciso PUNIR quem deve ser punido. E punir em  conformidade  com a gravidade de cada situação. A situação relatada é muito grave  e deverá ser punida severamente. Sou suspeita por estar a propor uma pena    severa? Não! Estou simplesmente a pedir que se faça justiça.
  Vamos   ser  sérios. Vamos ser solidários. Vamos lutar por uma Escola Decente.
  Ps:    Este caso já foi participado na Polícia e seguirá para  Tribunal.
                                               Ermesinde,  30 de  Março de 2010
 
                                  A  Professora  _________________________
 
  Temos todos de acabar com esta  palhaçada. Repassem, pode ser que chegue ao nosso adorável e  competente  primeiro!!!  
 
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