«« NOITE PEREGRINA »»
Quim Trovador
Peguei meu bordão de peregrino Seco de tantos estios, Que por ele passaram, Inerte que esteve, Durante tantos sóis e tantas luas ... Nada levo sobre a carne nua,,. Porque nasci ! E ninguém vem ao Mundo vestido !
Caminhei , sem Norte Não havia Estrela Polar, Nem Cruzeiro do Sul . A Lua não era azul, Mas brilhava como o Sol,
Tudo era novo . E, eu , crescia, E à minha mente afluia , Sentimentos e emoções .
Olhei-me e não gostei , E o Criador , De mim se compadece : O bordão refloresce E da videira que foi, Uma parra brotou E com ela meu pudor tapei ,. Porque o fiz ? Não sei !
Depois, vieram as heranças do tempo, Do Tempo em que escrevia E lia . Talvez o "Inferno", de Dante , Ou as "Viagens do Infante", Lembranças do Mar ferido Pelos remos da minha jangada ... Ou da terra ofendida, Pela palavra errada .
Colhi letras esparsas, Tentei fazer um poema ... Faltava-me o tema !
Que pode um peregrino versar, Com semelhante luar, Com os “ais” do Mar E da Terra ofendida ? Nem tenho percurso de vida, Porque mesmo agora nasci , E já envelheci , Tenho uma mão cheia de nada ... Letras esparsas, que tento rimar, Talvez com o verbo amar, E com ele fazer um verso ... Que seria controverso, Porque amar é sofrer E se acabo de nascer E já envelheci , De tudo que conheci, Neste Tempo sem tempo, Também já o esqueci ...
Finda assim a noite peregrina, Sem texto, sem rima , Sem nada ! É isso que sou, Ou o que de mim restou ...
Um dia, renascerei ... E direi tudo que sei ; Porque me tornei peregrino . Porque nunca fui menino ....
Serra Mãe, 8 de Maio de 2006
Quim Trovador
(Poeta e Sonhador)
Adenda, em 13 de Janeiro de 2007
Agora sei ao que vim,
agora ... que aqui estou,
também sei o que sou ;
- Serei o Peregino
Homem-menino ,
Leão-cordeiro,
bondoso-matreiro,
Joaquim Afonso,
. Trovador, o da PAZ .
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