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Filosofia
Você quer mesmo saber como a vida se levar? Pois é... primeiro viver e depois, filosofar...
Diz que é rico... Pode ser... Mas pode ser que não seja... Ser rico... é apenas poder fazer o que se deseja. . .
Nessa eterna e dura lida renasço a cada momento lavando as dores da vida no rio do esquecimento...
Onde o sonhar de outra idade? A fé que tive, e perdi? Hoje... chego a ter saudade daquele ... que já morri...
(Poema de JG de Araujo Jorge do livro – Cantiga do Só – 1964)
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História de amor
Vieste... E me falaste de um alguém infiel que traíra a tua vida e a quem deras no entanto o teu amor... Vieste... E me falaste a linguagem de fel da tua alma ferida, ( e em teus olhos havia atormentada e presa uma imensa tristeza, um profundo amargor...)
Quem te viu como te vi - a falar a linguagem da suprema amargura da incurável desilusão, como quem abatido chega ao fim da viagem e encontra um velho sonho de ventura em pedaços no chão...
Quem te viu como eu vi – beirando o precipício e quase em desatino, sem saber procurar se quer um novo início para o seu destino...
Vieste... e eu dei-te o abrigo dos meus braços, - comovi-me... e senti meus olhos baços diante da tua dor... e sem que eu próprio saiba como consegui aos poucos, muito aos poucos, dia a dia, eu vi que vencias o infiel, o amargurado amor...
Uma tarde... em que te vi chegar, rindo e chorando, numa emotividade que punha em teu olhar imprevisto esplendor, pensei que nessa tarde enfim, eu te pudesse desvendar meu segredo de felicidade e pedir teu carinho para meu amor...
Chegaste... Me entregaste a mão, e me disseste entre terna e comovida: - Ah! Meu amigo! nem tu compreenderás todo o bem que fizeste agora que afinal posso seguir de novo radiante, sem perigo...
E entre terna e comovida silenciaste, e me entregaste a mão...
Era a despedida... - pior que a despedida: - era a separação... Num derradeira gesto impensado, numa alegria louca no instante de partir: - beijaste-me na boca e te foste a sorrir...
Para que? Para que m beijaste-me na boca? Hoje a minha alma sofre , e o meu desejo goza a angústia dessa lembrança... Ah! Meu amor... o quanto foste louca e impiedosa, o quanto foste criança!
( Poema de JG de Araujo Jorge, extraído do livro "Meu Céu Interior", 1ª edição, 1934 )
Formatação Luna
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Carta a um amor impossível
Recebi tua carta, - e ainda sob o peso da emoção que me trouxe, eu te escrevo, surpreso, reavivando na minha lembrança esquecida certos traços sem cor de uma história perdida: - falo dos poucos dias que passamos juntos...
Tão longe agora estas Quantos belos assuntos, a que eu não quis, nem soube mesmo dar valor, relembras com um estranho e desvelado amor... Tua carta é tão doce, e tão cheia de cores que, dir-se-ia a escreveste com o mel que há nas flores, sobre o azul de um papel tão azul, que o papel faz a gente pensar num pedaço de céu! Impregnado nas folhas chegou até mim, um perfume sutil e agreste de jasmim e um pouco do ar sadio e puro de montanha!
Estranha a tua carta, inesperada e estranha!
Deixas nas minhas mãos a tua alma confiante, ante a revelação desse amor deslumbrante e abres teu coração, num gesto de ansiedade, sob a opressão cruel de uma imensa saudade. Dizes que só por mim tu vives, - que a tristeza é a companheira fiel que tens por toda parte, e me falas assim com tamanha franqueza que eu nem sei que dizer receando magoar-te! Não compreendo esse amor que revelas por mim nem mereço a ternura e o enlevo sem fim de um só trecho sequer de tudo o que escreveste, - por exemplo, - de um trecho belo e bom, como este:
"Teu olhar é o meu sol! Vivo da sua luz! - e mesmo que esse amor seja como uma cruz eu o levarei comigo em meu itinerário! e o bendirei na dor ascendendo ao Calvário! Sem ele não existo; e sem ti, meu destino será vazio, assim como o bronze de um sino que ficou mutilado e emudeceu seus sons na orquestra matinal dos outros carrilhões! Quero ser tua sombra até, - e quando tudo te abandonar na vida, e o frio, e quedo, e mudo, encerrarem teu corpo em paz sob um lajedo, eu ficarei contigo ao teu lado, sem medo, e sozinha e sem medo eu descerei contigo oh! meu único amor! oh! meu querido amigo! - para que os nossos corpos juntos, abraçados, fiquem na mesma terra em terra transformados!"
Escreves tudo assim, - e eu nem sei que te diga nesta amarga resposta, oh! minha pobre amiga!
Tarde, tarde demais... Bem me arrependo agora do amor que te inspirei, daquele amor de outrora que eu julgava um brinquedo a mais em minha vida e a quem davas tua alma inteira e irrefletida... Releio a tua carta, e confesso que sinto o ter-te que falar sobre esse amor extinto, um prelúdio de amor que ficou sem enredo e que só tu tocaste em surdina, em segredo...
Dizes que o que eu mandar, farás... e que és tão minha que mesmo que não te ame e que fiques sozinha bastará para ti a lembrança feliz dos dias de ilusão em que nunca te quis! E escreves, continuando essa carta que eu leio com uma vontade louca de parar no meio:
"Minha vontade é a tua! E meu destino enredo no teu!... És o meu Deus! Teu desejo é o meu credo! Creio na tua força e no teu pensamento, e nem um só segundo e nem um só momento deixarei de seguir-te aonde quer que tu fores, seja a estrada coberta de espinhos ou flores, te aureole a fronte a glória e te sirva a riqueza ou vivas no abandono e sofras na pobreza! Serei outra Eleonora Duse, e te amarei com um amor infinito, sem razão nem lei. Tu serás o meu Poeta imortal, - meu Senhor, a quem entregarei minha alma e o meu amor!
Creio na tua força e no teu pensamento! - faço dela um arrimo, e tenho nele o alento da única razão que dirige meus atos; - é a lógica fatal das cousas e dos fatos! Orgulho-me de ser a matéria plasmável onde o teu gênio inquieto, e nervoso, e insaciável,
há de esculpir uma obra à tua semelhanças! Junto a ti sou feliz e me sinto criança curiosa de te ouvir, fascinada e atraída pela tua palavra alegre e colorida! E se falas da vida ou se o mundo desvendas os assuntos ressoam na alma como lendas e tudo é novo e é belo, e tudo prende e atrai, de um simples botão que se abre a um pingo dágua que caí.
Há em tudo uma alma nova! Há em tudo um novo encanto! Tantas vezes te ouvi! E sempre o mesmo espanto quando tu me dizias, que era tarde, era a hora em que eu ia dormir em que te ias embora... Muitas vezes, deitada, - eu rezava baixinho uma prece que fiz só para o meu carinho:
com meus beijos de amor matarei tua sede, com os meus cabelos tecerei a rede onde adormecerás feliz, imaginado que é a noite que te envolve e te embala cantando; formarei com os meus braços o ninho amoroso onde terás na volta o almejado repouso;
minhas mãos te darão o mais terno carinho e julgarás que é o vento a soprar de mansinho sussurrando canções e desfeito em desvelos a desmanchar de leve os teus claros cabelos! No meu seio, - que a uma onda talvez se pareça, recostarei feliz, enfim, tua cabeça, e nada, nenhum ruído há de te perturbar! - meu próprio coração mais baixo há de pulsar... Quando o sol castigar as frondes e as raízes com o meu corpo farei a sombra que precises, e se o inverno chegar, ou se sentires frio, em mim hás de achar todo o calor do estio!
Não te rias, - bem sei que te digo tolices, mas ah! se compreendesses tudo, ou se sentisses a alegria que sinto ao te falar assim, talvez que não te risses, meu amor, de mim... Isto tudo, - é obra apenas da fatalidade, - quando o amor é uma doença e é uma febre a saudade."
Tua carta é uma frase inteira de ternura, como uma renda fina, cuja tessitura trai a mão delicada e a alma de quem a fez Ela é bem a expressão da mulher, que uma vez... (mas não, não recordemos estas cousas mais, - para o teu bem, deixemos o passado em paz se o não posso trazer num augúrio feliz para a prolongação de um sonho que eu desfiz...)
Tua carta é o reflexo da tua beleza, e há no seu ofertório a singela pureza desse amor que te empolga e te invade e domina! (Uma alma de mulher num corpo de menina!) Reli-a muito, a sós... - Mais adiante tu dizes, com esse místico dom das criaturas felizes:
"Amo, para a alegria suprema e indizível de humilhar-me aos teus pés tanto quanto possível, e viverei feliz, como a poeira da estrada se erguer-me ao teu passar, numa nuvem dourada cheia de sol e luz, - nessa glória fugaz de acompanhar-te os passos aonde quer que vás! Não importa que eu role depois no caminho, não importa que eu fique abandonada e só, - quem nasceu para espinho há de ser sempre espinho!... - quem nasceu para pó, há de sempre ser pó!"
Faz-me mal tua carta, muito mal... Receio pelo amor infeliz que abrigaste em teu seio, e uma angústia mortal me oprime e me castiga, deixa que te confesse, oh! minha pobre amiga!
Não pensei... Não pensei que te afeiçoasses tanto, nem desejava ver a tristeza do pranto ensombrecer teus olhos... Quando tu partiste, não compreendia bem por que ficaste triste nem quis acreditar no que estavas sentindo... Hoje, - hoje eu descubro que o teu sonho lindo era mais do que um sonho, - era mesmo, em verdade uma grande esperança de felicidade!
Me perdoarás no entanto... ah! não fosses tão boa! E eu insisto de joelhos a teus pés: - perdoa! Se eu soubesse, ou se ao menos eu adivinhasse o que não pude ver além de tua face e o que não soube ler velado em teu olhar, não teria deixado esse amor te empolgar...
Perdoa o involuntário mal que te causei! A carta que escreveste, e há bem pouco guardei, um grande mal também causou-me sem querer: - é bem rude e bem triste a gente perceber que encontrou seu ideal, - o seu ideal mais belo, - e o destruir, tal como eu, que agora o desmantelo! É doloroso a gente em mil anos sonhá-lo e inesperadamente ter que abandoná-lo!
Se algum amor eu quis, esse era igual ao teu que tudo me ofertou e nada recebeu; ingênuo e puro amor, simples, sem artifícios, capaz como bem dizes "de mil sacrifícios, e de mil concessões, chorando muito embora, só para ver feliz o ente que quer e adora!"
E pensar que isso tudo que tu me ofereces: -teu raro e imenso amor, teus beijos tuas preces, a tua alma de criança ainda em primeiro anseio; e o teu corpo, onde a forma ondulante do seio não atingiu sequer seu máximo esplendor; tua boca, ainda pura aos contatos do amor; - e dizer que isso tudo, isso tudo afinal que era o meu velho sonho e o meu maior ideal, abandono, desprezo, renuncio e largo com um gesto vil como este, indiferente e amargo!
Enfim, já estás vingada... E porque ainda és criança há de este falso amor te ficar na lembrança como uma experiência... (a primeira vencida das muitas que talvez ainda encontres na vida... )
E um dia então... - quem sabe se não será breve? - descobrirás na vida aquele amor que deve transformar teu destino e realizar teu sonho... Antevendo esse dia de festa, risonho, comporei, como um véu de noiva, para as bodas, a mais bela poesia, a mais bela de todas... (... Recebendo-a, dirás, esquecida e contente: - "quem teria enviado este estranho presente?")
Sé feliz, minha amiga ... eu me despeço aqui... Lamento o meu destino, porque te perdi e maldigo esta carta pelo que ela diz... Não chores, - porque eu sei que ainda serás feliz...
E que as lágrimas de hoje, - enxuguem-se ao calor de um verdadeiro, eterno e imorredouro amor!
P. S. - Sê feliz. Amanhã tudo isto será lenda ... E pede a Deus, por mim, - que eu nunca me arrependa...
( Poema de J.G . de Araujo Jorge do livro " Eterno Motivo " - 1943)
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Quando chegares...
Não sei se voltarás sei que te espero.
Chegues quando chegares, ainda estarei de pé, mesmo sem dia, mesmo que seja noite, ainda estarei de pé.
A gente sempre fica acordado nessa agonia, à espera de um amor que acabou sendo fé...
Chegues quando chegares, se houver tempo, colheremos ainda frutos, como ontem, a sós; se for tarde demais, nos deitaremos à sombra e perguntaremos por nós...
( Poesia de JG de Araujo Jorge - extraído do livro De mãos dadas- 2a edição 1966 )
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Nossa cama
Olho nossa cama. Palco vazio sem o drama, sem a comédia, do nosso amor. A nossa cama branca, branca página, em silêncio, de onde tudo se apagou...
(Meu Deus! quem poderia ler aquelas nsias, aqueles gemidos, aqueles carinhos que a mão do tempo raspou, como nos velhos pergaminhos?...)
A nossa cama imensa, como a tua ausência, tão ampla, tão lisa, tão branca, tão simplesmente cama, e era, entretanto, um mundo, de anseios, de viagens, de prazer, - oceano, que teve ondas e gritos encapelados, nêle nos debatemos tanta vez como náufragos a nadar... e a morrer...
Olho a nossa cama, palco vazio, em nosso quarto, - teatro fechado – que não se reabrirá nunca mais...
Nossa cama, apenas cama, nada mais que cama alva cama, em sua solidão em seu alvor...
Nossa cama - campa (sem inscrição) do nosso amor.
( Poema de JG de Araujo Jorge, do livro – Quatro Damas – 1965 )
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Canto integral do amor
Cegos os olhos, continuarias de qualquer forma, presente, surdos os ouvidos, e tua voz seria ainda a minha música, e eu mudo, ainda assim, seriam tuas as minhas palavras.
Sem pés, te alcançaria a arrastar-me como as águas, sem braços, te envolveria invisível, como a aragem, sem sentidos, te sentiria recolhida ao coração como o rumor do oceano nas grutas e nas conchas.
Sem coração, circularias como a cor em meu sangue, e sem corpo, estarias nas formas do pensamento como o perfume no ar.
E eu morto, ainda assim por certo te encontrarias no arbusto que tivesse suas raízes em meu ser, - e a flor que desabrochasse murmuraria teu nome.
(Poesia de JG de Araujo Jorge – extraído do livro Os mais belos poemas que o amor inspirou - 1965)
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Liberdade
A liberdade é o meu clarim de guerra e eu sou, no meu viver amplo e sem véus, como os caminhos soltos pela terra, como os pássaros livres pelos céus.
Ela é o sol dos caminhos ! Ela é o ar que os enche os pulmões, é o movimento, traz num corpo irrequieto como o mar uma alma errante e boêmia como o vento.
Minha crença, meu Deus, minha bandeira, razão mesma de ser do meu destino, há de ser a palavra derradeira que há de aflorar-me aos lábios como um hino.
Liberdade: Alavanca de montanhas! Aureolada de louros ou de espinhos há de cingir-me a fronte nas campanhas, há de ferir-me os pés pelos caminhos.
Sinto-a viva em meu sangue palpitando seja utopia ou seja ideal, - que importa? Quero viver por esse ideal lutando, quero morrer se essa utopia é morta !
(Poesia de JG de Araujo Jorge do livro O Canto da Terra – 1945)
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Angústia
Há uma estranha beleza na noite ! Há uma estranha beleza ! Oh, a transcendente poesia que verso algum traduz...
A via-láctea, inteiramente acesa parece a fotografia de um tufão de luz !
- Quem seria, quem seria que pregou lá no céu aquela imensa cruz?
Que infinita serenidade... Que infinita serenidade misteriosa nesse infinito azul dos céus e em tudo mais: nos telhados, nas ruas, na cidade...
( Só os gatos gritam na noite silenciosa sensualíssimos ais !)
Meu Deus, que noite calma... E aquela trepadeira feminina e ligeira veio abrir bem na minha janela uma flor - como uma boca rubra e bela que não terei...
- E ainda sinto nos lábios um travo nauseante do amor que faz bem pouco, há apenas um instante, paguei...
E o céu azul assim... E essa serenidade! Silêncio- A noite, o luar ... Tão claro o luar lá fora... Juraria que há alguém, não sei onde que chora...
Oh, a angústia invencível que me prostra invade e me devorar ...
(Poema de JG de Araujo Jorge, Cnticos – 1949)
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Paradoxo
A dor que abate, e punge, e nos tortura, que julgamos às vezes não ter cura e o destino nos deu e nos impôs, é pequenina, é bem menor, e até já não é dor talvez, dor já não é dividida por dois.
A alegria que às vezes num segundo nos dá desejos de abraçar o mundo, e nos põe tristes, sem querer, depois, aumenta, cresce, e bem maior se faz, já não é alegria, é muito mais dividida por dois.
Estranha essa aritmética da vida, nem parece ciência, parece arte; compreendo a dor menor, se dividida, não entendo é aumentar nossa alegria se essa mesma alegria se reparte.
( Poema de JG de Araujo Jorge do livro - Festa de Imagens – 1948)
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Mãe
01 Ó minha mãe! Em meus cantos, num grato e eterno estribilho, bendigo a Deus, que entre tantos, me escolheu para teu filho!
02 É um Dom... Plebéia ou rainha toda mãe o tem... Parece que o amor de mãe adivinha o que aos filhos acontece...
03 Se a tens, tens tudo, se a perdes, nada tens, infelizmente... Mulheres, no mundo, há muitas, mãe, no entanto, uma somente.
( Trovas de JG de Araujo Jorge in "Cantiga de Menino Grande" - 1962 )
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Vício
Tu nunca bates no meu pensamento à hora de entrar. Chegas de repente, invades tudo, e é impossível te expulsar porque então já sou eu que te procuro.
Não escolhes momento. É na hora séria ou na hora triste, na hora romntica, ou na hora de tédio por mais que me encontres fechado em mim mesmo entras pelo pensamento, - clara fresta, vulnerável às lembranças do teu desejo.
E quando chegas assim, estremeço até regiões ignoradas me levanto, e saio, sonmbulo, a te buscar a caminhar a esmo ...
Chegas - como uma crise a um asmático, - e então preciso de ti como preciso de ar, e tenho a impressão de que se não te alcanço, se não te encontro, vou morrer, miserável, como um transeunte nas ruas, antes que o socorro chegue para salvá-lo ... alcançar-te é um suplício ...
Teu amor para mim - é humilhante a confissão -Depois que consegues atingir meu pensamento tua posse é uma obsessão, não é amor, é vício ...
(Poema de JG de Araujo Jorge do livro – Harpa Submersa – 1952)
Formatação Luna
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Bilhete
O teu vulto ficou na lembrança guardado, vivo, por muitas horas!... e em meus olhos baços Fitei-te – como alguém que ansioso e torturado Tentasse inutilmente reavivar teus traços...
Num relance te vi – depois, quase irritado Fugi, - e reparei que ao marcar os meus passos ia a dizer teu nome e a ver por todo lado o teu vulto... o teu rosto... e o clarão dos teus braços!
Talvez eu faça mal em querer ser sincero, censurarás – quem sabe? Essa minha ousadia, e pensarás até que minto, e que exagero...
Ou dirás, que eu falar-te nesse tom, não devo, que o que escrevo é infantil e absurdo, é fantasia, e afinal tens razão... nem sei por que te escrevo!
(Poema de J.G. de Araujo Jorge, extraído do livro "Meu Céu Interior", 1ª edição, setembro,1934.)
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