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- "Enquanto Dormes"
Não consigo dormir... A meu lado, ressonas em completo abandono, tranqüila, confiante, e eu me ponho a pensar em nossas vidas, nossas vidas, juntas no sonho, como em nosso leito.
E me deixo ficar assim, na leve insônia que me traz à lembrança tantas coisas, tantas, que fizeram de nós, de nossos passos, uma rede em que duas linhas são como uma só.
E sem querer percebo que o que estou pensando tem jeito de poesia, em versos simples, versos sem rimas, e levanto-me, e venho escrever
a observar-te à distncia, a ressonar, feliz, sem poderes sequer calcular que a teu lado um poeta te ama e sonha, e faz versos de amor.
J. G. de Araujo Jorge
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"Esperar"
Quanta gente há que sofre o mal sem cura de uma infinita e vã desesperança, condenada a viver só da lembrança sem direito a esperar qualquer ventura!
E eu a chamar de angústia e de amargura esta minha saudade ingênua e mansa que faz com que me sinta um pouco criança , só porque a espero com maior ternura!
E eu a dizer que a minha vida é má Feliz é quem espera um bem que alcança e eu sou feliz porque ela voltará...
Voltará - pressurosa e comovida - Ah! poder esperar tendo esperança é a mais doce esperança desta vida!
J. G. de Araujo Jorge
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Cplegial
Gosto de vê-la, assim... Quando à tarde ela vem fisionomia suave, ingenuamente franca... Toda a rua se alegra, e eu me alegro também com o seu vulto feliz: saia azul, blusa branca...
Quantos nadas de sonho o seu olhar contém! A luz viva do olhar ninguém talvez lhe arranca. - Gosto de ve-la, sim... E ficam-lhe tão bem aquela saia azul, e aquela blusa branca...
Azul: - azul é a cor da vida que ela sonha! E branca: - branca é a cor da sua alma de criança onde ela própria se olha irrequieta e risonha
Feliz... Não tem presente e ainda nem tem passado... Só o futuro, - e o futuro é uma imensa esperança um mundo que ainda fica oculto do outro lado!
J. G. de Araujo Jorge
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"Dedicatória"
Este meu livro é todo teu, repara que ele traduz em sua humilde glória verso por verso, a estranha trajetória desta nossa afeição ciumenta e rara!
Beijos! Saudades! Sonhos! Nem notara tanta cousa afinal na nossa história... E este verso - é a feliz dedicatória... onde a minha alma inteira se declara...
Abre este livro... E encontrarás então teu coração, de amor, rindo e cantando, cantando e rindo com o meu coração...
E se o leres mais alto, quando a sós, é como se estivesses me escutando falar de amor com a tua própria voz!
J. G. de Araujo Jorge
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"Depois ..."
Há de ser desta vez... Dir-lhe-ei contente todo este amor que no meu Ser se abriga, e tomando-lhe as mãos bem docemente relembrarei a nossa infncia antiga...
E a dúvida que guardo e que a alma sente hei de acabar dizendo:"minha amiga, quero ouvi-la afinal sinceramente sem recear ferir com o que me diga..."
Penso assim... E no entanto, quantas vezes tenho-a encontrado, e inutilmente os meses e os anos vão passando entre nós dois...
Basta vê-la... e em minha alma acovardada, - já não sei nada, nem me lembro nada e deixo tudo pra dizer depois!
J. G. de Araujo Jorge
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"Descida"
O que tinha de ser já foi... E está perdida aquela nsia de espera, de desejo e fé, e tudo o que virá será cópia esbatida da Vida que foi Vida e hoje Vida não é...
Muito pouco de tudo ainda resta de pé... Agora, nunca mais estréias... Repetida a alma se reverá um desespero, até que a vida já não valha a pena ser vivida...
Do que foi canto e flor restam só as raízes, e ao tédio que envenena os dias mais risonhos repito: nunca mais estréias... só reprises...
E que importa o que vier? Sejam anos ou meses? - Nunca mais a beleza dos primeiros sonhos! - Nunca mais a surpresa das primeiras vezes!
J. G. de Araujo Jorge
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