DEFININDO O ESPAçO DA GUEIXA
Em 1779, a gueixa foi reconhecida como praticante de uma profissão distinta da prostituição e foi criado o kenban, um tipo de cartório específico para registrar gueixas e fiscalizar o cumprimento das regras que a partir de então passaram a reger a profissão. Apenas gueixas registradas no kenban eram reconhecidas e tinham autorização para trabalhar. Algumas regras que as gueixas passaram a ter que seguir eram parecidas com as das prostitutas, como a obrigatoriedade de viver nas okiyas (casas de gueixas). Mas outras as diferenciaram das prostitutas. É importante observar que as prostitutas tinham prioridade em relação às gueixas na sociedade japonesa da época, pois a função e situação delas já estava definida há tempos. Assim, muitas das regras do kenban visavam limitar o que as gueixas podiam fazer.
Como artista, a gueixa tem a obrigatoriedade de ser versada em música, dança, canto e literatura - a prostituta não. A prostituta vestia-se com os quimonos mais brilhantes, estampados e extravagantes que tivesse - a gueixa foi proibida de usar tais quimonos e obrigada a ter um visual mais discreto. As prostitutas usavam até uma dúzia de kanzashis (grandes espetos decorativos para o cabelo, considerados jóias) e até três pentes de casco de tartaruga na cabeça - a gueixa foi limitada a três kanzashis e um pente. As gueixas foram proibidas de usar o obi amarrado na frente, que se tornou característico das prostitutas (como a prostituta vestia-se e despia-se várias vezes ao dia, era mais rápido e prático amarrar o obi na frente do que atrás). E as gueixas foram proibidas de dormir com os clientes das prostitutas.
Se uma prostituta acusasse uma gueixa de roubar seu cliente, o kenban fazia uma investigação, e se a gueixa fosse considerada culpada, ela podia ser suspensa ou expulsa da profissão. Para evitar que uma gueixa fugisse da casa de gueixas, ou caísse na tentação de dormir com um cliente das prostitutas, elas foram obrigadas a andar com a escolta de um homem de confiança da responsável pela okiya onde ela vivia.
As restrições do kenban moldaram não só a aparência, mas o que efetivamente a gueixa se tornou e é atualmente. Para ter condição de artista, as gueixas passaram a dedicar enorme tempo ao estudo e treinamento em artes, e passaram a ser valorizadas e remuneradas como entertainers. Proibidas de ter a aparência rica mas aperuada das prostitutas, as gueixas tornaram-se mestras da elegncia, da beleza discreta e da sensualidade insinuada. Atrair os homens era, como ainda é, básico para elas formarem uma clientela, mas sexo não era, como ainda não é, a finalidade pela qual os japoneses contratavam uma gueixa - para isso existem as prostitutas. Diferentemente das prostitutas, gueixas podiam se recusar a ter sexo com um cliente, mas não se podia evitar que gueixas tivessem relacionamentos sexuais com seus próprios clientes (desde que não fosse cliente de uma prostituta, tudo bem). Com o tempo, a figura do homem de escolta foi substituída pelo camareiro - um profissional especializado em vestir gueixas.
Por volta de 1780 ainda haviam otoko-geisha, embora as mulheres fossem esmagadora maioria na profissão. No início do século XIX, gueixa era invariavelmente uma mulher.
GUEIXAS CHEGAM à MESA
Tocar, cantar, dançar e contar histórias para entreter os comensais num banquete. Essa era a principal atividade exercida pelas gueixas. Sentar-se à mesa e fazer companhia para os homens era algo que só as prostitutas faziam - mesmo porque elas queriam garantir que seus clientes quisessem sua companhia após o jantar. Mas aos poucos, os próprios clientes passaram a pedir que as gueixas também se sentassem à mesa. Educadas e cultas, as gueixas tornavam a conversação mais agradável e o tempo fluía mais rápido. Com as gueixas, os clientes conseguiam um tipo de relacionamento que não conseguiam ter com suas esposas, ou mesmo com as prostitutas. E nem sempre os homens que íam aos banquetes queriam fazer sexo depois de comer. Percebendo que muitos queriam apenas distrair-se, ou quando muito flertar, as gueixas descobriram seu público.
Para formar clientela própria, as gueixas passaram a evitar os bordéis e concentraram suas atividades em restaurantes e casas de chá, ou abriam suas próprias casas de chá. Por volta de 1840, uma gueixa chamada Haizen decidiu aprender um pequeno ofício que era executado até então somente por homens: servir saquê à mesa. Haizen passou fazer o mesmo, bem como fazer companhia à mesa aos convivas. Ela rapidamente tornou-se a gueixa mais requisitada de Kyoto e todas passaram a fazer o mesmo. Desde então, as gueixas vêm desempenhando o papel de anfitriãs em banquetes, servindo bebidas e conversando com as pessoas, além de dançar, cantar, contar histórias e fazer jogos de salão.
Durante o bakumatsu, os anos do ocaso da Era Edo, as casas de chá de gueixas foram estratégicas para a organização do movimento que restaurou o poder ao Imperador e destituiu o xogunato Tokugawa. Contando com a discrição e o voto de segredo das gueixas, as casas de chá tornaram-se importantes locais de reunião para os "conspiradores", uma vez que reuniões estavam proibidas pelo governo feudal. Nas casas de chá e restaurantes entretanto, era totalmente aceitável a movimentação de clientes e pequenas aglomerações, e isso encobria eventuais reuniões políticas. Quando o Imperador Meiji subiu ao trono em 1867, a colaboração das gueixas não foi esquecida. Na Era Meiji (1868 - 1912) promoveu-se rápida e intensa ocidentalização e modernização do Japão, com a implantação de ferrovias, indústrias, a adoção de vestimentas ocidentais e a proibição de costumes que, apesar de arraigados há séculos na cultura japonesa, foram abolidos por constranger os ocidentais, como a poligamia e pintar os dentes de preto. As gueixas, entretanto, não só permaneceram intocadas, como foram promovidas pelo próprio governo como símbolos da melhor e mais bela tradição japonesa.
PRESTÍGIO E INFORTÚNIOS
As gueixas tornaram-se símbolo de uma invejável independência, que as demais mulheres no Japão de então não tinham. A partir da Restauração Meiji elas passaram a desfrutar de prestígio, tendo contato com os políticos mais influentes e os empresários mais bem-sucedidos, e de um estilo de vida glamuroso. O que elas usavam virava moda e eram imitadas por outras mulheres - o que fez com que os quimonos continuassem sendo usados pelas mulheres por mais tempo que os homens, que rapidamente adotaram o vestuário ocidental.
Gueixas viviam com luxo, freqüentavam festas, não faziam trabalhos domésticos nem cozinhavam, dedicavam-se à dança e à música, podiam ter vida sexual e não precisavam se casar. Aliás, o karyukai, o mundo da gueixa, era, como é até hoje, um mundo dominado pelas mulheres numa sociedade machista. Gueixas eram as "supermodels" da época. Tarõ Katsura, Primeiro-ministro do Japão de 1908 a 1911, assumiu uma gueixa, Okoi, como amante. O oligarca Kido Kõin casou-se com uma gueixa de Gion, Ikumatsu. Outro importante membro do governo foi mais além: o Ministro das Relações Exteriores, Barão Mutsu, casou-se duas vezes, e em ambas com gueixas. Ter uma gueixa como amante ou esposa tornou-se símbolo de status.
Se ter um rico e influente japonês como danna("patrono", amante de uma gueixa) ou marido assegurava à gueixa uma vida de conforto e prestígio, há entre as gueixas a idéia de que unir-se a um estrangeiro dá no oposto, podendo até terminar em tragédia. Tal crença é baseada na vida de algumas gueixas, que tornaram-se famosas por suas tristes histórias. A mais conhecida é a de Okichi, gueixa designada pelo xogunato para servir Townsend Harris, primeiro diplomata americano enviado ao Japão em 1856. Aparentemente ocorreu que Harris levou Okichi para sua casa em Shimoda, e com isso a gueixa entendeu que Harris a assumira como esposa, conforme os costumes japoneses da época. Harris, entretanto, sendo ocidental, sempre considerou Okichi uma mera cortesã, e mesmo tendo vivido anos com ela, sequer a mencionou em seus diários. Em 1862, Harris demitiu-se de seu posto e voltou para os Estados Unidos, abandonando Okichi, que cometeu suicídio. Até hoje, as gueixas de Shimoda prestam homenagem a Okichi, visitando seu túmulo. A história de Harris e Okichi inspirou Puccini a criar a ópera "Madame Butterfly", e teve uma versão romanceada numa produção de Hollywood em 1958, "O Bárbaro e a Gueixa", com John Wayne no papel de Harris.
Há também a história de Yuki Morgan, gueixa que casou-se com o milionário americano George Morgan. Sobrinho do banqueiro magnata J. Pierpont Morgan, George conheceu Yuki no Japão enquanto fazia uma viagem ao redor do mundo na época da 1ª Guerra. Apaixonou-se pela gueixa e decidido a casar-se com ela, liberou-a da okiya à qual ela era ligada - foi o primeiro estrangeiro a fazê-lo - pagando a considerável soma de 20 mil dólares (cerca de 250 mil dólares em valores atualizados). Assim que se casaram, George e Yuki foram morar em Nova York, onde não foram bem recebidos. Mesmo sendo milionário, Morgan sofreu forte preconceito contra sua esposa japonesa, e decidiram então morar na França, onde viveram por 10 anos, até o prematuro falecimento de Morgan. Quando Yuki voltou ao Japão, os militares tinham assumido o poder, invadido a Manchúria e se preparavam para a guerra, e ela foi discriminada por ter se casado com um estrangeiro e vista como espiã americana. Yuki foi perseguida pelo governo, passou dificuldades no Japão durante a 2ª Guerra, e viveu em Kyoto até falecer aos 80 anos.
1945 - 1952) trouxe uma série de novos desafios para a gueixa. A derrota na guerra causou, além da falência das instituições, a falência de boa parte dos clientes das gueixas. Uma nova clientela teve de ser conquistada, e elas procuraram os oficiais americanos. Se antes as gueixas desprezavam tudo que representava o ocidente, agora elas procuravam aprender inglês e músicas americanas. O choque de culturas foi inevitável, e chegou a ser objeto de filmes produzidos em Hollywood nos anos 50, como "A Casa de Chá do Luar de Agosto". Mas o problema maior ocorreu entre os soldados e militares de baixa patente. Ao saber que gueixas compareciam às recepções e jantares dos oficiais, sem presenciar ou entender o que as gueixas exatamente faziam em tais ocasiões, soldados americanos passaram a achar que "gueixa" significava "prostituta" em japonês, e quando saíam à procura de mulheres - que nada mais eram que moças comuns famintas tentando sobreviver no caos do pós-guerra - perguntavam se elas eram uma "guíxa" (a pronúncia que usavam para "geisha"). Como normalmente a resposta era um aceno afirmativo com a cabeça, os soldados passaram a acreditar que as garotas que arranjavam eram "guíxas", e com isso tornou-se popular no ocidente a idéia de que gueixas eram simples prostitutas com aparência exótica.
Embora o governo de ocupação tivesse promulgado uma nova Constituição para o Japão em 1947, os americanos mantiveram em vigor as antigas regras da prostituição legalizada, com bordéis oficiais para os soldados. Embora tais estabelecimentos nada tivessem a ver com as okiyas e as casas de chá, os soldados logo as apelidaram de "guíxa houses". A prostituição no Japão deixou de ser legalizada em 1952, ao final do governo de ocupação. A atividade da gueixa quase se extinguiu neste período difícil, mas sobreviveu. Sua imagem, entretanto, foi manchada pelo choque cultural. Se no passado as prostitutas no Japão se esforçaram para não ser confundidas com as gueixas, desde o período da ocupação as prostitutas passaram a querer ser confundidas com gueixas.
Uma nova fase de prosperidade se iniciou no Japão a partir de 1953, que culminou na atual condição de 2ª maior economia do mundo. Cultivando tradições, a gueixa se permitiu algumas modernidades, como falar inglês e entreter estrangeiros (nos tempos de Okichi e Yuki Morgan, elas o faziam a contragosto e só se fossem ordenadas). E para desfazer a equivocada imagem que o ocidente tinha das gueixas, o governo passou a chamá-las para ciceronear e entreter personalidades estrangeiras em visitas oficiais ao Japão, como a Rainha Elizabeth II e o Príncipe Charles da Inglaterra, o Rei Hussein e a Rainha Aliya da Jordnia e o Presidente Gerald Ford - o primeiro presidente americano a visitar o Japão após a 2ª Guerra.
A GUEIXA MODERNA
Ser uma gueixa é mais do que uma mera profissão. É um estilo de vida que exige total e absoluta dedicação. É aceitar acima de tudo que será uma vida de servidão, que eventualmente terá grandes recompensas. Como tudo no Japão, ser gueixa é também um do, um caminho a ser percorrido pelo resto da vida. Karyukai, "o mundo da flor e do salgueiro", é o nome que se dá ao mundo das gueixas. Cada gueixa é como uma flor e um salgueiro: bela em seu próprio modo de ser como uma flor; graciosa, flexível mas forte como um salgueiro.
Há poucas décadas atrás, era comum meninas de 8 a 14 anos serem adotadas por okiyas - até mesmo vendidas pelas famílias às casas, prática que foi proibida após a 2ª Guerra. Uma lei determinando que o segundo grau completo é requisito obrigatório para os que se candidatam a uma profissão no Japão, fez com que as casas de gueixa passassem a aceitar meninas só a partir dos 17 anos de idade. Se por um lado pegar crianças para treinar como gueixas tem o benefício de dispor de mais tempo para uma educação mais cuidadosa, por outro lado é óbvio que uma criança não tem como escolher se aquilo que ela está sendo educada para fazer é aquilo que ela efetivamente quer fazer pelo resto da vida. Com tantas oportunidades que existem para a mulher na moderna sociedade japonesa, a deserção de gueixas de okiyas que investiram em seu treinamento e sustento tornou-se relativamente freqüente. Cada gueixa que deserta deixa um prejuízo considerável para a casa que a recebeu (calcula-se que o valor mínimo gasto com a educação e quiminos de uma gueixa é de 500 mil dólares). Jovens um pouco mais maduras, que decidem tornar-se gueixas por opção, tornaram-se mais interessantes para as casas.
O treinamento básico de uma jovem gueixa dura no mínimo 5 anos. As jovens gueixas aprendizes são chamadas maiko (mulher da dança). Enquanto aprendizes elas dedicarão seus dias a aulas de dança, canto, música, literatura, e na prática de uma etiqueta que mudará seus modos, gestos, até a linguagem corporal, para alcançar o padrão de elegncia que se espera de uma gueixa. à noite, ela irá a festas e banquetes para entreter os convidados e observar atentamente as gueixas experientes, para aprender como agir e se portar vendo o exemplo delas. A esta prática dá-se o nome de minarai (aprender vendo). Em média, paga-se de 500 a mil dólares por hora por gueixa, sendo que nunca uma gueixa vai sozinha. Quando se "contrata uma gueixa", contrata-se no mínimo duas.
Ter namorados ou relacionamento sexual com clientes nesta fase está fora de questão. No passado, em tempos em que as gueixas eram virtuais escravas da casa, houve até a iniciação sexual de maikos através de "leilões de virgindade", praticados por okaasans tiranas e gananciosas. Tal prática foi abolida após a 2ª Guerra. Hoje, com direitos garantidos e várias opções de carreira profissional para as mulheres, nenhuma gueixa pode ser obrigada a permanecer numa okiya ou numa atividade contra sua vontade. Para evitar prejuízos com uma desistência e garantir a continuidade de suas okiyas, as atuais okaasans procuram tratar bem suas maikos e geikos. Sinal dos tempos.
Duas cerimônias marcam a passagem de gueixa adolescente para gueixa mulher. Por volta dos 18 anos ocorre a cerimônia do mizu-age (subida das águas), no qual uma maiko muda de penteado 5 vezes e, se quiser, perde a virgindade com um de seus clientes. Trata-se de um rito de passagem pelo qual a jovem gueixa passa a ser reconhecida como mulher, e ela passa a receber tanto propostas de casamento de clientes (sendo que ao se casar ela deixa de ser gueixa), como propostas para tornar-se amante de um deles (caso no qual ela pode tornar-se independente da casa à qual pertence mas continuar trabalhando como gueixa). Ser virgem aos 18 anos em tempos como os de hoje, nos quais adolescentes de 15 têm mais experiência no assunto que as maikos, é algo que deixa admirados os que têm na mente a idéia estereotipada da gueixa como uma expert no "Kama Sutra".
Quando suas habilidades já são consideradas suficientemente maduras, a jovem gueixa ganha o status de geiko (mulher da arte), o que atualmente ocorre entre 20 e 23 anos de idade. Enquanto maiko, a gueixa usa quimonos com cauda e obi largo em cascata nas costas, sempre com colarinho estampado ou colorido, maquiagem ultra-branca e o grande penteado com pente de casco de tartaruga, flores e pingentes metálicos. Ao se tornar uma geiko, ela passa a usar colarinho branco, quimonos mais discretos e penteados mais simples, ganhando uma aparência mais adulta e mais elegante. A cerimônia na qual uma gueixa aprendiz passa a ser considerada uma gueixa experiente chama-se erikae (mudança de colarinho). Isso também implica em novas responsabilidades para a geiko em relação à okiya, bem como manter-se um exemplo para as demais gueixas e auxiliar as mais jovens em seu aprendizado. As aulas de literatura, etiqueta, música, canto, dança e arranjo floral, entretanto, continuam até os 40 anos de idade. Atualmente, aulas de inglês também fazem parte do currículo.
Esta foi uma breve descrição de como são formadas as gueixas mais refinadas e caras do Japão, como as das casas de gueixas de Gion e Pontochõ em Kyoto, e de Akasaka em Tóquio. Existem também as onsen geisha (gueixas de termas), que apesar do nome são prostitutas que adotam só a aparência e se valem da fama das gueixas. São falsas gueixas que se apresentam durante o dia em teatros baratos nas cidades turísticas onde há termas, e fazem de programas com turistas à noite sua principal fonte de renda. Usam perucas e quimonos teatrais, bons o suficiente para iludir os que nunca viram uma gueixa de verdade (que são muitos, mesmo entre os japoneses), mas nada possuem da postura e das maneiras elegantes características da verdadeira gueixa. Não se pode esperar de uma onsen geisha, portanto, a capacidade de guardar segredos ou de ser discreta, como fazem as verdadeiras gueixas.
02/fevereiro/2006
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www.culturajaponesa.com.br – autora: Cristiane A. Sato
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