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Enviado: 13/12/2009 17:03 |
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Canto III estnc.20,21
Vasco da Gama termina a descrição da geografia europeia ao rei de Melinde: "Eis aqui (...) o Reino Lusitano, onde a terra se acaba e o Mar começa;
Esta é a ditosa pátria minha amada..."
. 20
. "Eis aqui, quase cume da cabeça da Europa toda, o Reino Lusitano, onde a terra se acaba e o Mar começa e onde Febo repousa no Oceano. Este quis o Céu justo que floreça nas armas contra o torpe Mauritano, deitando-o de si fora; e lá na ardente África estar quieto o não consente."
onde Febo repousa no oceano- onde o Sol se põe; floreça- floresça; Mauritano- Mouro; deitando-o de si fora- expulsando-o de Portugal; estar quieto o não consente- não lhe dando sossego.
21- . . "Esta é a ditosa pátria minha amada, à qual se o Céu me dá que eu sem perigo torne, com esta empresa já acabada, acabe-se esta luz ali comigo. Esta foi Lusitnia, derivada de Luso ou Lisa, que de Baco antigo filhos foram, parece, ou companheiros, e nela antão os íncolas primeiros.
" acabe-se esta luz ali comigo- se conseguir completar
a viagem da
descoberta e voltar a Portugal, diz o Gama, já posso morrer!..
mas na realidade talvez Camões,
que escrevia estes versos na Ásia, se referisse a si próprio sendo
"esta empresa" o próprio poema; íncolas- habitantes.
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Vida e Obra de Luís Vaz de Camões
Um homem do Renascimento
Pouco se sabe com segurança sobre a vida de Luís Vaz de Camões. É provável que tenha nascido por volta de 1525, talvez em Lisboa. Deve ter tido uma educação esmerada, apesar de pertencer à camada menos abastada da corte portuguesa. Supõe-se que tenha estudado no Convento de Santa Cruz, no qual trabalhava Dom Bento de Camões, seu tio. Lutando contra os mouros, na investida portuguesa em Ceuta, em 1549, perde a vista direita, razão pela qual será sempre representado futuramente com um tapa-olho. Preso durante o ano de 1552 por se envolver em brigas, embarca para o Oriente no ano seguinte em serviço militar. Vivendo na miséria em Goa e Moçambique durante 16 anos, chega a ter o seu Auto de Filodemo representado na Índia e, graças ao auxílio financeiro de amigos, regressa a Lisboa em 1569. Data desse período de dura peregrinação pelas colônias ultramarinas portuguesas a imagem de Camões que os romnticos haveriam de perpetuar: a do poeta miserável, exilado e saudoso de sua terra, sofrendo humilhações no cotidiano e escrevendo os mais sublimes versos como vingança. A conhecida história de seu relacionamento com Dinamene, companheira chinesa do poeta, reforça essa imagem. Navegando pelo rio Mecon, na Indochina, o casal sofreria um naufrágio. Diz a lenda que Camões teria conseguido salvar a si e aos manuscritos dos Lusíadas, enquanto a infeliz Dinamene morria afogada. Camões dedicaria à amada morta vários de seus poemas líricos, procurando elevá-la às mesmas alturas da Laura de Petrarca ou da Beatriz de Dante. Retornando a Portugal, consegue publicar, em 1572, a sua obra-prima, Os Lusíadas, e passa a viver de uma modesta pensão oferecida por Dom Sebastião, a quem dedicara seu poema épico. Morre em 1580, mesmo ano em que Portugal perdia sua autonomia política, caindo sob o domínio da temível Espanha. Em carta a Dom Francisco de Almeida, o poeta sintetiza este momento: "...acabarei a vida e verão todos que fui tão afeiçoado à minha Pátria que não me contentei em morrer nela, mas com ela".
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9 06 2009
O dia 10 de Junho é oficialmente o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas. Neste dia, data do falecimento de Luís Vaz de Camões, considerado o maior poeta português, relembram-se os feitos passados dos portugueses e aqueles que, hoje em dia, vivem fora de Portugal e se encontram espalhados por toda a parte do mundo.
Este ano, as comemorações do 10 de Junho têm como palco a cidade de Santarém e será aqui prestada homenagem a todos os portugueses que elevam o nome do nosso país, dentro e fora de Portugal.
Nesta data, lembramos também o poema de Camões “Desconcerto do mundo” em que o poeta vê o mundo da sua época com os valores deturpados. Lê e repara como ele observa que as pessoas boas não conseguem ser felizes e são as que sofrem os infortúnios deste mundo, enquanto que as pessoas más vivem sorrindo, sempre têm sorte e se adaptam bem à realidade. Todavia com o poeta isso não acontece, porque ele quando erra é castigado.
Digamos que a justiça é cega e nem sempre se aplica e embora se saiba que não é sempre assim, é bem verdade que continua a acontecer, daí a grande actualidade do poema.
Ao desconcerto do Mundo
Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
Luís de Camões
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