Quem é esse que vem na brandura
E assenta na contramão
Atreve-se a acolher-me ternura
Quando me esgueiro da solidão.
Quem é esse que se faz breve num canto
Absorve meus danos
Quem me assopra no ouvido
Afeto e afago, equilíbrio dos meus meridianos.
Quem será o querubim alado
Que me decreta bem-querer
Sem feriados, sábados ou domingos
Sem tramas ou dias marcados.
Vem perfumando memórias
Vem de longe com afagos
Traz odores de absinto
Invasor dos meus pecados.
Vem de um tempo impreciso
E de saberes que não sei decifrar.
Esse anjo vem de mim
Ou de poeira estrelar?
Fátima Mota
|