Naufrágio
A rua cheia de luar
Lembrava uma noiva morta
Deitada no chão, à porta
De quem a não a soube amar
Já não passava ninguém...
Era um mundo abandonado...
E à janela, eu, tão Além,
Subia ressuscitado...
Vi-me o corpo morto, em cruz,
Debruçado lá no Fundo...
E a alma como uma luz
Dispersa em volta do mundo...
Mas, à tona do mar morto,
Um resto de caravela
Subia...e chegava ao porto
Com à aragem da janela.
Branquinho da Fonseca
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