Ausencia Jorge Luis Borges
Habré de levantar la vasta vida que aún ahora es tu espejo: cada mañana habré de reconstruirla. Desde que te alejaste, cuántos lugares se han tornado vanos y sin sentido, iguales a luces en el día. Tardes que fueron nicho de tu imagen, músicas en que siempre me aguardabas, palabras de aquel tiempo, yo tendré que quebrarlas con mis manos. ¿En qué hondonada esconderé mi alma para que no vea tu ausencia que como un sol terrible, sin ocaso, brilla definitiva y despiadada? Tu ausencia me rodea como la cuerda a la garganta, el mar al que se hunde.
******
Ausência Jorge Luís Borges
Hei de levantar a vasta vida que ainda agora é o teu espelho: Cada manhã irei reconstruí-la. Desde que te fostes, quantos lugares se tornaram inúteis e sem sentido, igual à luz durante o dia. As tardes foram nichos de tua imagem músicas com que sempre me aguardavas, são palavras daquele tempo, eu terei que quebrá-las com as minhas mãos. Como poderei esconder a minha alma vazia para que não veja a tua ausência que, como um sol terrível, sem ocaso, brilha definitiva e desapiedadamente ? Tua ausência me rodeia como a corda na garganta, e o mar que se afunda.
|