ZULEMA DE ARTOLA
Todo lo que no quise decir y dije
Todo lo que quise decir y no dije.
¿Por qué?
El porqué es un ave de espuma
sobre las manos de la respuesta.
*
“Otrora yo era de aquí
y hoy regreso extranjero,
forastero de lo que veo y oigo
viejo de mí”
Fernando Pessoa
Mi árbol tiene dos raíces distantes.
Algunos lo riegan
otros lo desnudan con navajas oxidadas.
Ellas –las raíces—se buscan en la profundidad
de la tierra
sin encontrarse.
Frutos maduros o agrios
alcanzan mi boca
y se disuelven.
La armonía estalla
como una música que matiza mis venas
en este partir y regresar
por siempre extranjera.
*
Deja que se abracen nuestras serpientes
con toda la furia del veneno.
De las constelaciones
ha de fluir
agua bendita.
En la Abadía del bosque
los árboles arrodillados
entregan sus ramas de olivo.
*
En cautiverio de máscaras
se asfixia el corazón.
Convertido en flor de agua
rocía
las rejas del tiempo.
*
No estaba previsto tanto amor.
No estaba prevista tanta altura
ni la caída de las flores en el pozo
y verlas morir
ausentes de historia.
ZULEMA DE ARTOLA
Tudo o que eu não quis dizer e disse
Tudo o que eu quis dizer e não disse.
Por que?
O porquê é uma ave de espuma
sobre as mãos da resposta.
*
“Outrora eu era daqui,
e hoje regresso estrangeiro,
forasteiro do que vejo e ouço,
velho de mim.”
Fernando Pessoa
Minha árvore tem raízes distantes.
Alguns a regam
outros a desnudam com navalhas oxidadas.
Elas — as raízes – se buscam na profundidade
da terra
sem encontrar-se.
Frutos maduros ou ácidos
alcançam minha boca
e se dissolvem.
A harmonia estala
como uma música que matiza minhas veias
neste partir e regressar
para sempre estrangeira.
*
Deixem que se abracem nossas serpentes
Com toda a fúria do veneno.
Das constelações
há de fluir
água bendita.
Na Abadia do bosque
as árvores ajoelhadas
entregam seus ramos de oliva.
*
No cativeiro de máscaras
se asfixia o coração.
Convertido em flor de água
orvalha
as grades do tempo.
*
Não estava previsto tanto amor.
Não estava prevista tanta altura
nem a queda das flores no poço
e vê-las morrer
ausentes de história.
|