Arte Contempornea
Os balanços e estudos disponíveis sobre arte contempornea
tendem a fixar-se na década de 1960, sobretudo com o advento da arte
pop e do minimalismo, um rompimento em relação à pauta
moderna, o que é lido por alguns como o início do pós-modernismo.
Impossível pensar a arte a partir de então em categorias como
"pintura" ou "escultura". Mais difícil ainda pensá-la
com base no valor visual, como quer o crítico norte-americano Clement
Greenberg. A cena contempornea - que se esboça num mercado internacionalizado
das novas mídias e tecnologias e de variados atores sociais que aliam
política e subjetividade (negros, mulheres, homossexuais etc.) - explode
os enquadramentos sociais e artísticos do modernismo, abrindo-se a
experiências culturais díspares. As novas orientações
artísticas, apesar de distintas, partilham um espírito comum:
são, cada qual a seu modo, tentativas de dirigir a arte às coisas
do mundo, à natureza, à realidade urbana e ao mundo da tecnologia.
As obras articulam diferentes linguagens - dança, música, pintura,
teatro, escultura, literatura etc. -, desafiando as classificações
habituais, colocando em questão o caráter das representações
artísticas e a própria definição de arte. Interpelam
criticamente também o mercado e o sistema de validação
da arte.
Tanto a arte pop quanto o minimalismo estabelecem um diálogo crítico
com o expressionismo abstrato que as antecede por vias diversas. A arte pop
- Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg e outros - traduz uma atitude
contrária ao hermetismo da arte moderna. A comunicação
direta com o público por meio de signos e símbolos retirados
da cultura de massa e do cotidiano - histórias em quadrinhos, publicidade,
imagens televisivas e cinematográficas - constitui o objetivo primeiro
de um movimento que recusa a separação arte e vida, na esteira
da estética anti-arte dos dadaístas e surrealistas. Trata-se
também da adoção de outro tipo de figuração,
que se beneficia de imagens, comuns e descartáveis, veiculadas pelas
mídias e novas tecnologias, bem como de figuras emblemáticas
do mundo contemporneo, a Marilyn Monroe de Andy Warhol, por exemplo.
A figuração é retomada, com sentido inteiramente diverso,
nos anos 1980 pela transvanguarda, no interior do chamado neo-expressionismo
internacional. O minimalismo de Donald Judd, Tony Smith, Carl Andre e Robert
Morris, por sua vez, localiza os trabalhos de arte no terreno ambíguo
entre pintura e escultura. Um vocabulário construído com base
em idéias de despojamento, simplicidade e neutralidade, manejado com
o auxílio de materiais industriais, define o programa da minimal art.
Uma expansão crítica dessa vertente encontra-se nas experiências
do pós-minimalismo, em obras como as de Richard Serra e Eva Hesse.
Parte da pesquisa de Serra, sobretudo suas obras públicas, toca diretamente
às relações entre arte e ambiente, em consonncia
com uma tendência da arte contempornea que se volta mais decididamente
para o espaço - incorporando-o à obra e/ou transformando-o -,
seja ele o espaço da galeria, o ambiente natural ou as áreas
urbanas. Preocupações semelhantes, traduzidas em intervenções
sobre a paisagem natural, podem ser observadas na land art de Walter De Maria
e Robert Smithson. Outras orientações da arte ambiente se verificam
nas obras de Richard Long e Christo.
Se os trabalhos de Eva Hesse não descartam a importncia do
espaço, colocam ênfase em materiais, de modo geral, não
rígidos, alusivos à corporeidade e à sensualidade. O
corpo sugerido em diversas obras de E. Hesse - Hang Up, 1966 - toma o primeiro
plano no interior da chamada body art. É o próprio corpo do
artista o meio de expressão em trabalhos associados freqüentemente
a happenings e performances. Nestes, a tônica recai, uma vez mais, sobre
o rompimento das barreiras entre arte e não-arte, fundamental para
a arte pop, e sobre a importncia decisiva do espectador, central já
para o minimalismo. A percepção do observador, pensada como
experiência ou atividade que ajuda a produzir a realidade descoberta,
é largamente explorada pelas instalações. Outro desdobramento
direto do minimalismo é a arte conceitual, que, como indica o rótulo,
coloca o foco sobre a concepção - ou conceito - do trabalho.
Sol LeWitt em seus Parágrafos sobre Arte Conceitual (1967), esclarece:
nessas obras, "a idéia torna-se uma máquina de fazer arte".
É importante lembrar que o uso de novas tecnologias - vídeo,
televisão, computador etc. - atravessa parte substantiva da produção
contempornea, trazendo novos elementos para o debate sobre o fazer
artístico.
Os desafios enfrentados pela arte contempornea podem ser aferidos
na produção artística internacional. Em relação
ao cenário brasileiro, as Bienais Internacionais de São Paulo
ajudam a mapear as diversas soluções e propostas disponíveis
nos últimos anos. Na década de 1980, a exposição
Como Vai Você, Geração 80?, no Parque Lage, Rio de Janeiro,
e a participação dos artistas do Ateliê da Lapa e Casa
7 na Bienal Internacional de São Paulo, em 1985, evidenciam as pesquisas
visuais.
Fonte: www.itaucultural.org.br
Arte Contempornea
No final dos anos 50, depois da série de ismos surgida na primeira metade
do século, a idéia de uma arte que copie a realidade está completamente falida.
Para uns, o jogo de formas e cores é suficiente por si só; para outros, uma
obra de arte deve expressar idéias; outros ainda consideram essa expressividade
fruto do diálogo da arte com a realidade. A partir dos anos 60, para muitos
a arte não deve mais se distinguir da realidade e sim ser parte dela, abolindo
portanto todos os suportes - a parte física das obras. São artistas que dispensam
a tela, o papel, a escultura e buscam novas formas de expressão.
Arte Conceitual
Criada nos anos 60 por Joseph Kossuth a partir das idéias de Marcel Duchamp,
a arte conceitual parte do princípio de que o simples deslocamento dos objetos
de seu contexto habitual pode provocar uma reação reflexiva do observador.
A combinação de alguns elementos sugere idéias; em Uma e três cadeiras (1965),
por exemplo, Kossuth propõe uma discussão sobre os limites da linguagem contrapondo
uma cadeira (o objeto tridimensional), uma foto de cadeira (sua tradução bidimensional)
e a palavra cadeira (sua versão simbólica). A arte conceitual gera, nos anos
70, o conceito de "instalação" - um arranjo cênico de objetos, que vem a se
tornar a linguagem predominante da arte no fim de século. Variante da arte
conceitual é a land art (arte da terra), dos ingleses Richard Long e Robert
Smithson, que intervêm em formas da natureza, colocando por exemplo círculos
de pedra numa clareira de floresta.
Minimalismo
O minimalismo surge em 1960 e utiliza um mínimo de recursos e a simplificação
extrema da forma. O termo é mais aplicado à arte tridimensional do italiano
Piero Manzoni e dos norte-americanos Donald Judd e Robert Morris. O método
minimalista ordena unidades formais, idênticas e inter-relacionadas, criando
freqüências seriais (como modulações) que questionam os limites da sensação,
ao repetir-se ao infinito ou inverter continuamente as escalas. Nesse sentido,
a obra nunca está acabada e, como o universo físico na teoria da relatividade,
depende sempre do observador.
Pop Arte
Ainda nos anos 50, surge com o inglês Richard Hamilton a pop art, que nos
anos 60 se torna o movimento artístico mais influente dos EUA. Sua idéia é
reutilizar imagens da sociedade de consumo (de marcas industriais a celebridades),
chamando a atenção do espectador para sua qualidade estética e poder de atração,
fazendo ampliações ou variantes cromáticas. Andy Warhol faz serigrafias com
o rosto de artistas de cinema (Marilyn Monroe) e embalagens de alimentos (sopa
Campbell's). A bandeira americana (utilizada por Jasper Johns), histórias
em quadrinhos (Roy Lichtenstein) e outros ícones da comunicação de massa são
usados. No caso de Robert Rauschenberg, colagens e ready-mades servem para
incorporar maior grau de conceitualização à pop art, discutindo questões como
a fragmentação obsessiva e fetichista do mundo contemporneo.
Arte Povera
Nos anos 70, na Itália, sob influência da arte conceitual e também como reação
à "assepsia" minimalista, surge a arte povera (arte pobre). O material das
obras é inútil e precário, como metal enferrujado, areia, detritos e pedras.
Na combinação dos elementos, a arte povera põe em questão as propriedades
intrínsecas dos materiais (que podem mudar de características com o tempo,
ou ter qualidade estética inesperada) e o valor de uso na economia capitalista
contempornea. Giovanni Anselmo é o principal praticante da arte povera.
ARTE PERFORMÁTICA
O pioneiro da arte performática, que nos anos 70 se torna moda mundial, é
Allen Kaprow, que cria em 1959 o happening (acontecimento): uma apresentação
aparentemente improvisada, em que o artista se vale de imagens, músicas e
objetos e incorpora a reação do espectador. Do happening nasce depois a performance,
que é planejada e não prevê participação da platéia. Em 1965, por exemplo,
Joseph Beuys cobriu o rosto com mel e folhas de ouro, pegou nos braços o cadáver
de uma lebre e percorreu uma exposição de pinturas discursando sobre a futilidade
da arte diante da tragédia ecológica. Variante da arte performática é a body
art (arte do corpo), do francês Yves Klein e do norte-americano Bruce Nauman,
que usa o corpo humano, como garotas nuas pintadas de azul que, dançando,
se jogam contra telas em branco.
Hiper Realismo
No final da década de 60, inspirados pela pintura de Edward Hopper, artistas
norte-americanos como Chuck Close, Richard Estes e Malcolm Morley proclamam
o retorno ao figurativismo. Ainda que centrado na técnica clássica de perspectiva
e desenho e na preocupação minuciosa com detalhes, cores, formas e textura,
não postula a arte como cópia fotográfica da realidade. Utiliza-se de cores
luminosas e pequenas figuras incidentais, para pintar de maneira irônica e
bonita o caos urbano atual.
Neofiguração
Nos anos 70 e 80, a volta da pintura figurativa ocorre de diversas maneiras.
Na transvanguarda italiana, por exemplo, artistas como Sandro Chia e Mimmo
Paladino contrapõem o antigo ao moderno, num ecletismo que reflete a própria
história da arte. O mesmo ocorre na arquitetura pós-modernista de Paolo Portogallo,
que mistura os mais diversos estilos. Mas há também um retorno do figurativismo
por uma perspectiva diferente. Na pintura do alemão Anselm Kiefer, por exemplo,
paisagens e pessoas aparecem num mundo expressionista de angústia e solidão,
mas não são "retratadas". Nela, as figuras são tão significativas quanto a
textura das camadas de tinta. Há uma ponte entre a técnica abstrata (que busca
a expressão no arranjo formal) e a figurativa clássica (que busca a expressividade
do objeto que retrata). Outros artistas neofigurativos: os ingleses Francis
Bacon, Lucian Freud e Frank Auerbach e o franco-polonês Balthus.
Fonte: www.conhecimentosgerais.com.br