[editar] Os antigos mitos
Alguns indícios dos mitos mais antigos podem ter sobrevivido nas canções-runo. Há uma canção sobre a criação do mundo – um pássaro bota três ovos e começam a nascer os filhotes – um torna-se o sol, outro a lua e o outro a terra. Outros povos fino-úgricos têm também mitos segundo os quais o mundo surgiu de um ovo.
O mundo dos antepassados estonianos girava em torno de uma coluna ou uma árvore, na qual os céus foram fixados com a Estrela do Norte. A Via Láctea (Linnutee ou Via dos Pássaros, em estoniano) era um ramo da Árvore do Mundo (Ilmapuu) ou o caminho por onde os pássaros se moviam (e levavam as almas dos doentes para o outro mundo). Esses mitos eram baseados nas crenças animistas.
Ocorreram mudanças na mitologia proto-estoniana em decorrência do contato com tribos bálticas e germnicas, bem como devido à transição de caçadores-coletores para agricultores. As personificações de corpos celestiais, céu e deidades climáticas e deuses da fertilidade ganharam importncia no mundo dos agricultores. Deve ter havido um deus do céu e do trovão chamado Uku ou Ukko, também Vanaisa (o avô). A maioria dos mitos e lendas registradas que descrevem o "avô" é, contudo provavelmente de origem posterior ao cristianismo e/ou de influência estrangeira.
Foi sugerido, entre outros pelo etnólogo e ex-presidente Lennart Meri, que um meteorito, que passou perigosamente sobre a população da região e caiu na ilha de Saaremaa a cerca de 3.000-4.000 anos atrás, foi um evento cataclísmico que pode ter influenciado a mitologia da Estônia e países vizinhos, especialmente quando são relatados que um "sol" parece ter surgido no oriente. [1] No épico nacional finlandês, o Kalevala, os cantos 47, 48 e 49 [2] podem ser interpretados como a descrição do impacto, o conseqüente tsunami e o incêndio devastador das florestas.
As lendas estonianas sobre gigantes (Kalevipoeg, Suur Tõll, Leiger) podem ser um reflexo das influências germnicas (especialmente escandinavas). Existem numerosas lendas que interpretam vários elementos e fenômenos da natureza como conseqüências das ações de Kalevipoeg.
Este gigante fundiu-se ao diabo do Cristianismo, fazendo surgir um novo personagem – Vanatühi, um demônio gigantesco que vive em sua fazenda ou mansão, mais estúpido que malévolo, facilmente enganado por pessoas inteligentes, como o seu empregado Kaval-Ants (Astuto Hans).