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De: NATY-NATY  (Mensagem original) Enviado: 08/01/2010 17:52
 Crónica


Tormento da solidão
Por Pedro J. Bondaczuk



"A solidão é e sempre foi a experiência central e inevitável de cada ser humano". Essa afirmação não é da minha autoria, mas do escritor Thomas Wolfe.

Há pessoas que juram que nunca se sentiram sozinhas. Claro que mentem! Garantem que contam até com excesso de companhia para o seu gosto. Inventam, como suposta prova de superpopulação nas suas vidas, uma multidão de parentes e amigos, que nunca os deixariam ficar sós. A solidão a que Wolfe se refere não é a da ausência dos outros ao nosso redor. É mais profunda, e, portanto, mais trágica, posto que difícil (senão impossível) de suprir ou mesmo de remediar. É a caracterizada pela carência de comunicação. Não aquela superficial, dos gestos ensaiados e das palavras ditadas pelas convenções, mas a real, a verdadeira, a genuína: a dos nossos mais recônditos sentimentos e inconfessáveis inquietações. Para que esta se concretize, faltam palavras e símbolos.
Esses tormentos, os da incomunicabilidade e da incompreensão, temos que suportar sozinhos, sem podermos compartilhar, sequer (e muitas vezes principalmente), com aqueles a quem mais amamos e em quem depositamos irrestrita confiança. O principal motivo é que nossas emoções são tão complexas e individuais, que não conseguimos nem mesmo verbalizar o seu conteúdo. Temos só uma vaga e truncada intuição acerca da sua natureza e extensão. Como queremos que os outros compreendam um sentimento que temos, de facto, mas que não entendemos o que é e nem sabemos definir como se manifesta?

Aliás, a rigor, sequer conhecemos, com razoável aproximação, "o que" sentimos ou "o que " nos inquieta. É uma sensação vaga, imprecisa, intermitente e por isso irremediável. A nossa busca pela razão está apenas no princípio, embora, de maneira arrogante, achemos que somos sumidades de racionalidade.

A pior das solidões é a que sentimos quando acompanhados, no meio de uma multidão. Não se trata de uma questão quantitativa, mas de compreendermos os outros e nos fazermos compreendidos por eles. Maridos e mulheres, pais e filhos, irmãos, parentes de quaisquer graus ou amigos, por mais íntimos que sejam, por maior afinidade que tenham connosco ou por mais que necessitemos de suas presenças, jamais nos completam. A maioria dos sentimentos, das emoções, dos medos e das inquietações têm que suportar de forma absolutamente solitária.

Quanto mais racionais nos tornamos, mais temos que aprender, e nos acostumar, a conviver com a solidão. A nossa evolução não é acompanhada, necessariamente, pela dos que nos rodeiam. Estes, muitas vezes, até se afastam, o que é mais comum do que se pensa. Entregam-se a superstições, escondem-se no álcool, nas drogas, ou em diversões baratas e banais, que não passam de perda de tempo, evitando o incómodo encontro consigo próprias, numa tentativa desesperada (e inútil) de preencher esse vazio na alma que sentem, mas não sabem definir. Não suportam encarar suas fraquezas, patifarias e defeitos.

No silêncio do meu quarto, às voltas com minhas indefiníveis inquietações, pensando nas pessoas que sofrem de males mais palpáveis e concretos do que os da solidão, como fome, frio, dores provocados por doenças incuráveis e pelos maus tratos recebidos da vida, carentes de absolutamente tudo e muitas vezes ansiando, desesperadas, por alguém que somente as ouça, as valorize e as trate uma única vez com dignidade e respeito, faço, ansioso por uma resposta que sei de antemão que não terei, a mesma pergunta que o compositor Paul McCartney fez, na inspirada letra da canção "Eleanor Rigby", sucesso dos Beatles: "Haverá um lugar especial para os solitários?" Ou, para ser mais preciso em relação aos meus anseios, indago: "Haverá um lugar especial onde possamos estabelecer comunicação total com os semelhantes, sem precisar de palavras?" Fica a pergunta no ar...Mas acredito que não!





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