Tua pureza cotidiana me absorve.
E eu já pertenço a tua natureza: sou manso.
Teu semblante linear me capacita
a percorrer-te objetivamente.
Mas eu é que torno o objetivo
de tua linearidade, e me vergo comum
diante de sua forma especial.
Carregas nos olhos, em cada amanhecer,
um resto de sonho.
E espalhas às coisas que olhas
a singular proeza da simplicidade.
Pois o simples se confunde em ti,
e te faz simplesmente sofisticada...
e bela!
Teus gestos contêm a flexibilidade
do transparente, e te tornam flutuante
e quase invisível.
Mas tua imagem vagueia altiva e branca
por meu espírito amante.
E te amo concretamente através
do abstrato de teu corpo.