Invadiu sorrateira O meu lado esquerdo do peito, E por mais que eu procure um jeito De desentranhá-la de lá, Ela insiste em me assombrar E não quer nem saber ! E tome poemas, muitas canções, Tentativas desesperadas De tirar de lá este aperto enjoado, De limpar dos olhos o molhado De lágrimas contumazes na ousadia De querer revelar ao mundo Que alguma coisa anda errada, Fora do seu devido lugar. Quem sabe uma ordem de despejo ? Uma reintegração de posse ? Algo no gênero ! Que possa desalojar do meu quarto A gosto amargo da ausência De quem seguiu seu rumo, sua vida E sequer se deu o trabalho De dizer adeus, foi bom, valeu... Coisa mais de entranhada É esta tal de saudade ! Outro dia mesmo Por raiva, por frustração, ou abandono, Queimei toda a roupa de cama Só pra ver se tirava de lá o seu cheiro, Queimei junto os seus retratos, Suas cartas, seus presentes. De nada adiantou, A tal da saudade insistente Continuou ardida e presente, Tipo coisa mal resolvida Que só o tempo vai apagar.