Estiagem de versos, Securas, ardências, De noites sem lua, Que envergonhada se esconde. Pra onde foi a amante, A musa indecente? E poeta romntico, Por onde se esconde? Poemas estranhos, Cristalizada a essência, As teclas do piano, Emudecidas, não soam, Gasturas da vida, Calmaria dos ventos. A lágrima que não escoa, Que vacila reticente, O sonho de um tolo, Já não se faz mais urgente. E os segredos de alcova Confessados entre os dentes? São sussurros doídos, Grunhidos latentes. Por onde andará a poesia Que brotava em vertentes? Quem sabe da semente Lançada ao vento? Procura-se um tempo De prendas, presentes, De novembros tão fartos E desavergonhadamente tão quentes. Procura-se um romntico E um coração descuidado. Procura-se um tolo, Um poeta descrente.