<<<.... O «caso» em apre챌o é um só homem, um jovem campon챗s transmontano de vinte e dois anos, nascido em Valongo, concelho de Mur챌a, a quem tinham vestido um uniforme e incorporado no Regimento de Infantaria 19, de Chaves. Chamava-se Aníbal Augusto Milhais; ficaria, porém, na História sob o nome de Soldado Milh천es.
O rapaz embarcou para França a 23 de Maio de 1917. Não sabia, evidentemente, que embarcava para um destino histórico — e lendário, já que os relatos das suas proezas divergem em vários pontos. Do que não há dúvida é que Aníbal Milhais entrou na galeria dos heróis portugueses durante a batalha de La Lys, a 9 de Abril de 1918.
Com este nome designa-se o combate do primeiro dia da grande ofensiva alem찾 contra a 2짧 Divis찾o do CEP, como parte da «Opera챌찾o Georgette», lan챌ada pelo 6º Exército alem찾o do general Ludendorff. Foi nesse combate que Milhais ganhou o seu nome de honra: a bravura que mostrou foi tal que o seu comandante, o major Jo찾o Ferreira do Amaral, o abra챌ou e lhe disse: «Chamas-te Milhais, mas vales milh천es!». E o «Milh천es» ficou.
Tr챗s meses depois, em Julho, o Soldado Milh천es tornava-se definitivamente célebre: no campo de Isberg, sozinho, empunhando a sua metralhadora Lewis, cobriu e protegeu a retirada dos seus camaradas portugueses e de soldados escoceses. Consta que se houve de tal forma que os alem찾es pensaram estarem a enfrentar toda uma unidade inimiga. Em consequ챗ncia - coisa muito rara - recebeu a Torre e Espada no próprio campo de batalha, das m찾os do general Gomes da Costa. A esta distin챌찾o seguir-se-ia a Cruz de Guerra, a Cruz de Leopoldo da Bélgica e muitas outras.

Nada disto impediu que mais tarde, em 1928, o herói emigrasse para o Brasil, para ver se conseguia sustentar os filhos: uma pátria agradecida NÃO velava por ele… porém, os portugueses residentes no Brasil abriram uma subscri챌찾o a seu favor, para que pudesse viver dignamente no seu país. E Milhões regressou a Portugal. Dedicou-se uma vez mais à lavoura, o seu ofício de sempre; e veio a falecer em 1970.
Teve honras militares; fizeram-lhe um monumento. Mas eu penso, humildemente, que é preciso algo mais: manter viva a sua memória. N찾o temos assim tantos como ele para nos darmos ao luxo de esquecer.

Abra챌o a todos
Silvino Pot챗ncio - Agosto/2007

ALGO MAIS DAS MEMÓRIAS DO MEU AVÔ:

"AS TROPAS PORTUGUESAS FORAM DEIXADAS PARA TRÁS POR SEREM DISPENSÁVEIS. MAL EQUIPADAS E TREINADAS SERVIRIAM DE, COMO SE DIZ NO BRASIL, BOI DE PIRANHA. SERIAM SACRIFICADAS PARA DAR TEMPO À FUGA DO RESTO DAS TROPAS ALIADAS.

ANTE A ENORMIDADE DA CARNIFICINIA QUE OS COMANDANTES ADIVINHAVAM, OS PATRÍCIOS RESOLVERAM "RETIRAR-SE" TAMBÉM. UM "VOLUNTÁRIO", O SOLDADO MILHAIS(MILHÕES), PROTEGERIA POR SUA VEZ A RETIRADA DOS SEUS CAMARADAS.

CANOS DE METRALHADORAS E CONHETES DE MUNIÇÃO, FORAM-LHE DEIXADOS A INTERVALOS REGULARES.

O EXÉRCITO ALEMÃO AVANÇAVA POR UM VALE. A EXEMPLO DO EXÉRCITO DE XERXES NAS TERMÓPILAS, NÃO TINHA COMO FAZER VALER SEU PODERIO NUMÉRICO.

MILHÕES MASSACRAVA-OS COM A SUA METRALHADORA. QUANDO A SUA MUNIÇÃO TERMINAVA, ELE RECUAVA ATÉ NOVA POSIÇÃO PARA RECOMEÇAR TUDO DE NOVO.

ELE PAROU "SOZINHO" TODO UM EXÉRCITO. FEITO, QUE NÃO TENHO PEJO DE COMPARAR AO DE LEÔNIDAS QUE COM SEUS 300 HOMENS FEZ FRENTE A MAIS DE 1 MILHÃO DE PERSAS.

SE CAMÕES FOSSE VIVO, ESSE ESTARIA CERTAMENTE EM DESTAQUE ENTRE SEUS BARÕES ASSINALADOS

J.C.