Ode à Paz
Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza, Pelas aves que voam no olhar de uma criança, Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza, Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança, Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia, Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos, Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria, Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes, Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos, Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes, Pelos aromas maduros de suaves outonos, Pela futura manhã dos grandes transparentes, Pelas entranhas maternas e fecundas da terra, Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra, Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna, Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz. Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira, Com o teu esconjuro da bomba e do algoz, Abre as portas da História, deixa passar a Vida!
Natália Correia, in "Inéditos (1985/1990)" |
de
Maria Zélia Gomes
No peito trago um desejo
Desejo cujo ensejo
Tem muito a ver com amor
No dealbar da esperança
Quero sentir confiança
No olhar duma criança
Onde não exista dor …
Quero ver no seu olhar
Sorrisos bem prazenteiros
Ver braços para abraçar
Os seus muitos companheiros
Quero vê-los a brincar
No chão e sujos de terra
Não quero vê-los chorar
Gritando a lastimar
Vidas ceifadas pela guerra …
Quero Paz … eu peço Paz …
Senhor … tem dó do Teu povo
A arma tudo desfaz
A guerra só a dor traz
Senhor … dá-nos a Paz …
E com ela … um mundo novo!