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Florbela Espanca
Disseram-me hoje, assim, ao ver-me triste: "Parece Sexta-Feira de Paixão. Sempre a cismar, cismar de olhos no chão, Sempre a pensar na dor que não existe...
O que é que tem?! Tão nova e sempre triste! Faça por estar contente! Pois então?!..." Quando se sofre, o que se diz é vão... Meu coração, tudo, calado, ouviste...
Os meus males ninguém mos adivinha... A minha Dor não fala, anda sozinha... Dissesse ela o que sente! Ai quem me dera!...
Os males de Anto toda a gente os sabe! Os meus ..ninguém... A minha Dor não cabe Em cem milhões de versos que eu fizera!...
Formatação : Marte/JCarvalho
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Florbela Espanca - O Livro das Mágoas
A minha Dor é um convento ideal Cheio de claustros, sombras, arcarias, Aonde a pedra em convulsões sombrias Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agonias Ao gemer, comovidos, o seu mal… E todos têm sons de funeral Ao bater horas, no correr dos dias…
A minha Dor é um convento. Há lírios Dum roxo macerado de martírios, Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro, Noites e dias rezo e grito e choro, E ninguém ouve… ninguém vê… ninguém…
Formatação : Marte/JCarvalho
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De: Jatoai |
Enviado: 14/12/2009 17:53 |
A FLOR DO SONHO
A Flor do Sonho, alvíssima, divina,
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.
Pende em meu seio a haste branda e fina
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim! ...
Milagre ... fantasia ... ou, talvez, sina ...
Ó Flor que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?! ...
Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minha’alma
E nunca, nunca mais eu me entendi ...
(Florbela Espanca)
REALIDADE
(Florbela Espanca)
Em ti o meu olhar fez-se alvorada a minha voz fez-se gorgeio de ninho. E a minha rubra boca apaixonada Teve a frescura pálida do linho...
Embriagou-me o teu beijo como um vinho. Fulgo de Espanha,em taça cinzelada... E a minha cabeleireira desatada Pôs a teus pés a sombra dum caminho...
Minhas pálpebras são de cor verbena, Eu tenho os olhos garços, sou morena, E para te encontrar foi que eu nasci...
Tens sido fora o meu desejo E agora, que te falo, que te vejo, Não sei se te encontrei.. Se te perdi...
Florbela Espanca SILêNCIO
No fadário que é meu, neste penar, noite alta,noite escura,noite morta, sou o vento que geme e quer entrar, sou o vento que vai bater-te a porta...
vivo longe de ti, mas que me importa? Se eu já não vivo em mim,ando a vaguear. Em roda a tua casa, a procurar beber-te a vez,apaixonada, absorta!
Estou junto a ti e não me vês... Quantas vezes no livro que tu lês.
Meu olhar se pousou e se perdeu!
Trago-te como um filho nos meus braços! E na sua casa...Escuta! uns leves passos... Silêncio! meu amor!...abre!... sou eu!...
Primavera (Florbela Espanca)
É Primavera agora, meu Amor! O campo despe a veste de estamenha; Não há árvore nenhuma que não tenha O coração aberto, todo em flor!
Ah! Deixa-te vogar, calmo, ao sabor Da vida... não há bem que nos não venha Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha! Não há bem que não possa ser melhor!
Também despi meu triste burel pardo, E agora cheiro a rosmaninho e a nardo E ando agora tonta, à tua espera...
Pus rosas cor-de-rosa em meus cabelos... Parecem um rosal! Vem desprendê-los! Meu Amor, meu Amor, é Primavera!...
Meu Amor
De ti somente um nome sei, Amor, É pouco, é muito pouco e é bastante Para que esta paixão doida e constante Dia após dia cresça com vigor!
Como de um sonho vago e sem fervor nasce assim uma paixão tão inquietante! Meu doido coração triste e amante Como tu buscas o ideal na dor!
Isto era só quimera, fantasia, Mágoa de sonho que se esvai num dia, Perfume leve dum rosal do céu...
Paixão ardente, louca isto é agora, Vulcão que vai crescendo hora por hora... O meu amor, que imenso amor o meu!
Florbela Espanca
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De: Jatoai |
Enviado: 16/12/2009 18:47 |
Teus Olhos
Olhos do meu Amor! Infantes loiros Que trazem os meus presos, endoidados! Neles deixei, um dia, os meus tesoiros: Meus anéis, minhas rendas, meus brocados.
Neles ficaram meus palácios moiros, Meus carros de combate, destroçados, Os meus diamantes, todos os meus oiros Que trouxe d'Além-Mundos ignorados!
Olhos do meu Amor! Fontes... cisternas... Enigmáticas campas medievais... Jardins de Espanha... catedrais eternas...
Berço vindo do Céu à minha porta... Ó meu leito de núpcias irreais!... Meu sumptuoso túmulo de morta!...
Florbela Espanca
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De: Jatoai |
Enviado: 19/12/2009 21:35 |
Volúpia
No divino impudor da mocidade, Nesse êxtase pagão que vence a sorte, Num frémito vibrante de ansiedade, Dou-te o meu corpo prometido à morte!
A sombra entre a mentira e a verdade... A núvem que arrastou o vento norte... --- Meu corpo! Trago nele um vinho forte: Meus beijos de volúpia e de maldade!
Trago dálias vermelhas no regaço... São os dedos do sol quando te abraço, Cravados no teu peito como lanças!
E do meu corpo os leves arabescos Vão-te envolvendo em círculos dantescos Felinamente, em voluptuosas danças...
Florbela Espanca |
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Enviado: 23/05/2010 19:56 |
Oração do Grupo
Que Deus esteja na tua frente para mostrar o caminho certo...
esteja ao teu lado, para te abraçar e proteger...
esteja atrás de ti, para te salvar de pessoas falsas...
esteja debaixo de ti, para te amparar quando caíres e para te tirar das armadilhas...
esteja dentro de ti, para te consolar quando estiveres triste...
esteja ao redor de ti, para te defender quando outros te atacarem...
esteja sobre ti para te abençoar sempre...
Amém!
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