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Hoje deitei-me junto a uma jovem pura como se na margem de um oceano branco, como se no centro de uma ardente estrela de lento espaço.
Do seu olhar largamente verde a luz caía como uma água seca, em transparentes e profundos círculos de fresca força.
Seu peito como um fogo de duas chamas ardía em duas regiões levantado, e num duplo rio chegava a seus pés, grandes e claros.
Um clima de ouro madrugava apenas as diurnas longitudes do seu corpo enchendo-o de frutas extendidas e oculto fogo.
Pablo Neruda
Formatação : Marte/JCarvalho
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Áspero Amor
Áspero amor, violeta coroada de espinhos, cipoal entre tantas paixões eriçado, lanãa das dores, corola da colera, por que caminhos e como te dirigiste a minha alma? Por que precipitaste teu fogo doloroso, de repente, entre as folhas frias do meu caminho? Quem te ensinou os passos que até mim te levaram? que flor, que pedra, que fumaãa mostraram minha morada? O certo é que tremeu noite pavorosa, a aurora encheu todas as taãas com teu vinho e o sol estabeleceu sua presenãa celeste, enquanto o cruel amor sem trégua me cercava, até que lacerando-me com espadas e espinhos abriu no coração um caminho queimante.
Autoria : Pablo Neruda
Formatação : Marte/JCarvalho
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RÁDIO FRANCESA
OUTONO
Antes de amar-te, amor, nada era meu Vacilei pelas ruas e as coisas: Nada contava nem tinha nome: O mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos, Túneis habitados pela lua, Hangares cruéis que se despediam, Perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e mudo, Caído, abandonado e decaído, Tudo era inalienavelmente alheio, Tudo era dos outros e de ninguém, Até que tua beleza e tua pobreza De dádivas encheram o outono.
Pablo Neruda
Autoria : Marte/JCarvalho
Direitos @utorais Reservados
Formatação : Marte/JCarvalho
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Os Nascimentos
Nunca nos recordaremos da nossa morte. Tão pacientes fomos para sermos que anotámos os números, os dias, os anos e os meses, os cabelos, as bocas que beijámos,e aquele minuto antes de morrer deixá-lo-e mos sem anotação : damo-lo a outros de lembrança ou simplesmente à água,à água , ao ar, ao tempo.
É de nascer tão-pouco guardámos a memória, ainda que importante e jovial tenho sido a nossa vida :e agora não te lembras sequer do mais pequeno pormenor, não guardaste sequer um ramo da primeira luz.
Sabe-se apenas que nascemos. Sabe-se que na sala ou no bosque ou no palheiro do bairro piscatório ou nos canaviais rumorejantes há um estranho e profundo silêncio, um minuto solene de madeira e uma mulher que vai parir.
Sabe-se apenas que nascemos.
Mas da profunda agitação de não ser para existir, para ter mãos,para ver, para ter olhos, para comer e chorar e despojar-se e amar, amar, e sofrer, sofrer,daquela transição ou calafrio do conteúdo eléctrico que um corpo toma para si como se fora uma taça viva, e daquela mulher desabitada, a mãe que ali fica com o seu sangue e a sua dilacerada plenitude, com o seu fim e princípio, e a desordem que altera o pulso, o chão, os cobertores, a té que tudo se recolhe e mais.
Um nó é dado com o fio da vida,nada, não ficou nada na tua memória do mar bravio que ergueu uma onda e derrubou da árvore uma maçã sombria.
Não tens mais recordações que a tua vida.
Autoria : Pablo Neruda
Formatação : Marte/JCarvalho
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