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Não faço poemas ...
Não faço, não sei fazer poemas , como fazem os verdadeiros poetas, que glosam em rimas alinhadas. Escrevo ridículas alucinações, palavras caladas, íntimas orações patéticas, que as cs de meus cabelos não consentem .
Abro, o meu ser em angústias ludicamente loucas, espelhando em meus olhos, o acre-e-doce sabor dos falhados, encarcerados em almas amarguradas.
Sinto em cada palavra, em cada linha, a beleza internamente escassa, para cantarfloridas Primaveras .
Meus versos são escarpas de granito, pedra rude , que foram alabastro, cnticos das impurezas humanas, verdades, que em cada página morrem em milhentas folhas em branco .
Queria voltar a cantar o amor, poemas em gotas renascidas, como os poetas , homens- anjos, sobrevoando pontes e rios fluídos, margens idílicas, Paraísos .
Não faço Poemas ! Somente queria, as duras realidades em sonhos transformar ... Queria ser Poeta ! Mas, não me deixam Sonhar !
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METAMORFOSE
" (...) Ontem um poeta morreu no trabalho. Projectou-se do oitavo verso do seu poema ... " ( Eufrásio Filipe )
«« METAMORFOSE »»
Quim Trovador
"Ontem um poeta morreu ..." Um outro poeta renasceu, no nono verso do mesmo poema. Todo o poeta renasce cada vez que usa a pena ! Poetas, não são Fénixes Renascidas. Poetas, são palavras, por vezes repetidas, ( Quantas, meu Deus ! ) escritas em folhas caídas dos céus, amarelecidas... outonais ... Mas, a cada Outono, ultrapassados inóspitos Invernos ... imensos inacabados poemas, pejando cadernos, aguardando que a inspiração das Musas, lhe povoem as palavras .
Poetas sem Musas, não tem poema parido, somente palavras dispersas, nascidas do nada ... "ontem um poeta morreu no trabalho " Hoje, por Graça Divina, outro poeta nasceu, nesta madrugada orvalhada, a Poesia renasceu !
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«« A Coragem Das Pombas »»
Admiro a coragem das Pombas Reconstruindo ruínas, Empunhando enxadas, Semeando a Paz, Qua as foiças da Guerra, Tentam sempre destruir, Sem a deixar germinar
As Pombas semeiam, Os Corvos destrem, Como vampiros sedentos de sangue !
Mas, há Zeca Afonso ; Ary dos Santos, Maunel Alegre, Padre Fanhais .. Neruda ... Pablo Casais .. ... Vinícius de Moraes, João Rui e Gabriel de Sousa, Jorge de Sena . E quantos mais ..
Enquanto houver Poetas Imortais , Há sempre Pombas! Assim hajam pombais ...
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«« RASGO AS PALAVRAS ««
Rasgo as palavras, e, o que sobram ? - Letras dispersas , caíndo de minhas mãos . Arrependido, Uma a uma vou-as juntando soletrando-as tentando , refazer o poema .
Esqueci o tema ! Amor, desamor, paisagens, aves raras, serras ou mares ? Que faz um poeta, com a rima dispersa ? Cerra os olhos e sonha : - Uma Ave do Paraíso, de plumagem multicor ( Os sonhos dos poetas tem as cores do arco-ìris ) trazendo novas palavras,
à paisagem nebulosa, onde tinha mergulhado ... Agarrei-as, aos pedaços e o poema refaço, cada letra uma cor ... Uma única estrofe apenas ,
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«« Um Sonho ... »»
No teu mar tumultuoso, navego procurando abrigo em teu porto, teu corpo .
Há naufrágio ... ... Vislumbro um farol . É a luz de teu amor . As areias quentes... da tua paisagem aquecem meu ser ...
Subo as colinas de teus seios percorro as encostas de teu corpo e minhas mãos , sedentas alimentam minha fome ... - São bagas maduras ... morangos selvagens ambrósia e mel, que colho .
Sonho ...até que a alva desponte, e vejo uma flor por desfolhar ... Acordo do sonho : e, as colinas, emcostas, e as bagas róseas e musgo, são teu corpo de mulher , que beijo como terra prometida, ao náufrago que era .. E, na flor que me espera petala a pétala desfolho .. e, num transvase amoroso somos um só...
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«« Hoje... e Sempre! »»
Amor, Hoje e Sempre Acordo saudoso de ti .. Vejo-te ao meu lado no doce imaginário dos poetas do amor... Ou, talvez, seja o reflexo, do meu espelho convexo, porque. é na explendor da Lua, que tua imagem flutua, e a recolho, docemente...
...Depois, deito-me com ela, até que a alva da madrugada, entre por minha janela... acordando-me do lindo sonho, onde, ambos nos completámos, e nos amámos...
É neste Luar, nesse reflexo, da curvatura da Lua, que minha alma é a tua, e nosso leito, o Universo !
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«« Lua-Mulher-Lua »»
A Lua cumpre a vocação, despertando a Musa do Trovador . As rimas , soltam-se em turbilhão, só falando de amor.
Lua-Mulher -Lua, mulher-lua-mulher, nua, desnuda a alma do poeta, e projecta, a sua sombra, na rua deserta, onde vagueia a rima dispersa, e o poeta ...
O poeta Trovador, apanha a rima uma a uma ... ... alinha-as em verso, e, o que estava disperso, forma o poema . O tema, Lua-Mulher-Lua, sempre ela, sempre nua ... Tão nua, mas tão casta, que nem consigo tê-la , em meu leito vazio, frio.. Todavia , não consigo esquecê-la .
Minha Lua-Mulher, irei ter contigo, esteja onde estiver !
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«« AÍNDA ONTEM ... »»
Aínda ontem brincava num jardim ... Tufos de relva, flores, verde prado ... Subitamente há uma pausa no Tempo, uma angústia suprema de me saber parado .
Houve apenas um rimanço no Tempo, para que o tempo prossiga ? - Há quem o Diga !
Rasguem-me clareiras no Tempo... quero ouvir o Mar. o cantar das aves canoras, o vento a murmurar, entre as folhagens , a brisa trazendo-me a maresia, e de tudo, fazer poesia .
Quero desvendar meus segredos, e deles me despojar, desta carga de medos imensa , intensa ... que me faz sossobrar ...
Quero voltar à Praia, aquela que traz nas areias, segredos que contaste às sereias , que as ondas vêem apagar ... Quero que de tua saia, faças uma vela panda, ices em tua canoa e com a onda beijando a proa, venhas em mim aportar .
Quero desventrar o Tempo ... clarear esta zona difusa,
Quero regressar ao Futuro, beber manhãs de Primavera, respirar a quimera ... Ficar à tua espera .
Vem amor ! Restitui-me o perdido Tempo, Vem na brisa vem no vento, cavalga ondas do mar , vem na canoa de panda vela, Vem ... a Noite está bela, há sabor a maresia ... O resto será fantasia ... Todo o prazer de amar !
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«« Lavaredas »»
Um poema salta da mente perturbada nesta floresta de sentimentos onde ardo, onde me escondo, nas sombra das árvores enleado nas silvas , que me rasgam a pele e a alma .
Nas silvas colho a amora silvestre, acri-doce como os amores e nas árvores de copas baixas, roubo a maçã tentadora do pecado ...
Nesta floresta , ora verdejante ora calcinada pelas chamas que de mim a elas se apegaram , o clarão das fogueiras onde ardo. me cegaram ....
É nas escuridão da noite onde vejo melhor o meu eu-interior ... E na mente perturbada, pelo claraão da chama que ofusca a Aurora, não vejo o que sou, nem onde estou !
Noite-manhã-amanhã ... Partirei o espelho em mil pedaços e, em cada um deles serei um outro eu . Poeta-Sonhador Trovador, mil faces, sem disfarces. Eu sempre !
Em chamas, com frio, vazio, pleno ou caduco ... aqui estou !
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« Deixai crescer em mim o Mar...»
Deixai crescer em mim o Mar ! As ondas me ofertavam conchas, algas, sargaços, que Neptuno e Iemanjá mandaram .
Deixai crescer em mim o Mar e, o sussurro das ondas, invadiram de melodias suaves meu Ser, e, dolentemente vieram-me adormecer...
Deixai crescer em mim o Mar e, o sol em meus olhos aportou. Salgadas eram as lágrimas de Saudades, que de meus olhos brotou.
Deixai crescer em nós o Mar e, nas ondas, Morfeu nos embalou, tão doce, tão terno foi o sonho que quando o dia despertou era em teus braços que dormia... Heros e Afrodite nos viram e Cupido nos frexou ...
Deixámos crescer em nós o Mar! Ele é tão imenso, tão intenso como nosso Amor.
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«« ANOITECE »»
Anoitece ! Não há luz do dia, nem vela , nem candeia, sobre a mesa .
Queria escrever uma poesia, mas a mente vazia, não tem história , p'ra fazê-la .
" Felizes os que não têm história " Dizia El-Rei, o da Boa-memória.
Mas, eu tenho-a ? - A memória, e a história ! Ou será que a quero olvidar, diluí-la no pensamento, aguardando que o tempo, a faça regredir, aos tempos de outrora, em que havia , o alvor da aurora, e sonhos sem fim ?
Em que havia, primaveras, quimeras ... ... e noites a cheirar a jasmim ...
Não !
Somente anoitece ... Sem luz de vela, ou de candeia , em cima da mesa , a alma escureceu, e o poema morreu !
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«« ÁGUAS VERDES DE SAUDADE »»
Há águas verdes de Saudade em mares pelo sonho percorridos ... ... Navego no árduo caminho líquido, deixando pegadas de sal, neste " Mar Arável", onde semeio beijos de Saudade .
Porém, há silêncios ... Recolha da tua alma e de teu ser, a sede de carícias e beijos ...
Por vezes ... ( Muitas vezes ! ) invoco os Argonautas e Neptuno ... para que impulsionem a "Jangada ", que, parecendo destroçada pelos Ventos da Distncia, aproa firme ao seu rumo .
Olvido a Bússula de Marear, seguindo a Estrela Polar, amante do Cruzeiro do Sul. E... numa apoteose de neblinas, vislumbro o alvor de teu corpo, e, no perfil, esculpido na Luz, em Terras de Vera Cruz, encontro o meu Porto .
Abandono a jangada, e, no corpo de minha amada, transvaso o meu corpo. Voando sobre o Sonho, 20 de Dezembro de 2006
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SERRA-MãE - I e II
( Meu jardim preferido )
Ah ! Minha Serra ! Minha telúrica Deusa , meu amor , minha confidente . Sabes ? tenho mais um amigo : - O Mar . Mas, é contigo, que vou repousar, ganhar a rima, sempre indiscreta, que conta os segredos, conta medos deste poeta .
Serra-Mãe 30 de Junho 2007
Joaquim Oliveira
Quim Trovador
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Serra-Mãe II
... Vagueio nos sonhos-desejos, saboreio o que ficou de teus beijos, e, a brisa da manhã, refresca meu rosto , lavando a lágrima da saudade... A lágrima cai, no solo árido da Serra, e dela nasce, rasgando a terra, uma margarida amarela, tão bela, que ouso colhê-la ..
Minha Serra-Mãe, Somente tu, conheces meus segredos ... Foi em ti, que a flor brotou. Flor amarela, lágrima florida, tão bela .. tão genuina essa flor, como é o nosso amor.
Serra-Mãe, vou-te contar um segredo ... ... conto ? Não ! Porque essa flor, são pétalas de meu amor ...
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