Razões para uma dieta vegetariana
Há diversas razões que levam uma pessoa a adotar uma dieta vegetariana, que vão desde não gostar de comer carne, passando por questões religiosas, até o respeito aos direitos animais. Os que são vegetarianos pelos animais geralmente optam também pelo veganismo, por ser uma filosofia mais condizente com os direitos animais.
É importante enfatizar que vegetarianismo não tem necessáriamente a ver com direitos animais, e que alguém pode ser vegetariano por qualquer outra razão.
Algumas delas são: de saúde, ecológicas, éticas, econômicas e religiosas.
Muitos vegetarianos defendem que o ser humano está mais apto a consumir comida vegetariana do que a alimentar-se com a carne de animais. Diversos naturalistas célebres, como John Ray, Carolus Linnaeus, Georges Cuvier e Richard Owen sustentaram este ponto de vista.[33]
Através do exame da psicologia e da anatomia humana concluem que a dieta natural do homem é naturalmente vegetariana.[34] Há muitos séculos que os vegetarianos desafiam os não vegetarianos a apanhar os animais que comem, a mata-los e a come-los crus, tal como fazem os animais na natureza. Veja por exemplo os escritos de Plutarco,[35] Gassendi[36] e de Percy Bysshe Shelley.[37] Em Portugal a defesa deste ponto de vista era levada a cabo pelo médico Amílcar de Sousa: "Da velha confusão de teorias médicas, da grande época obscura do empirismo, como um dogma da ciência de então, uma forma errónea e cheia de preconceito, como se fora um mandado religioso e por isso mesmo eivado de má fé, surgiu com esta frase perturbante: O homem é omnívoro. Como à boca se pode levar tudo que se queira, daí resultou essa monstruosidade deturpante da humanidade! […] Desde a forma dos dentes à capacidade do estômago e às dimensões do intestino, como dados anatómicos em referência à comparação da série animal de que o homem é primaz – tudo demonstra que o género humano não é omnívoro. A dentadura é semelhante à dos símios antropóides que se alimentam de frutos; e se os obrigarmos a serem carnívoros, imediatamente estigmas de degenerescência se notam, doenças de pele, a queda dos pelos, o reumático e outras manifestações de artritismo. […] A alimentação humana tem sido desvirtuada pelo preconceito."[38]"A carne não é o alimento do homem. Para o ser, devíamos poder matar os animais com as mãos e garras, e triturarmos os ossos ou lacerar os músculos ainda quentes com os dentes, como faz a hiena. Desprovidos de armas cortantes e do artifício da culinária, o homem não pode utilizar-se da carne nem do peixe."[39]
Recentemente, dois conceituados antropologistas, Donna Hart e Robert Wald Sussman, puseram de lado a teoria de que o ser humano pré-histórico era caçador no polémico livro Man the Hunted: Primates, Predators, and Human Evolution, acrescentando novos argumentos à causa vegetariana.
Muitos vegetarianos dizem que o regime vegetariano torna as pessoas mais pacíficas. Esta ideia era frequente e tem muitos séculos de existência. Por exemplo, Ovídio, pôs Pitágoras a dizer que o costume de comer carne abriu a porta "a crimes de todo o género; porque foi sem dúvida pela carnificina desses animais que o ferro começou a ser ensanguentado.[…] É acostumar-nos a derramar o sangue humano degolar animais inocentes e ovirmos sem piedade seus tristes gemidos."[40] No Século XVIII, um personagem de uma novela de Voltaire diz assim: "Os homens alimentados de carnes e saciados de licores fortes, têm todos um sangue azedo e adusto que os torna loucos de cem maneiras diferentes: a sua principal demência é o furor de derramarem o sangue de seus irmãos e de devastarem planícies férteis para reinarem em cemitérios."[41] Este ponto de vista era igualmente defendido por Jean-Jacques Rousseau.[42] No inicio do século XIX Joseph Ritson escreveu num ensaio que o regime com carne torna as pessoas mais cruéis e ferozes e que o sacrifício de animais conduz ao sacrifício de humanos [43]Lord Byron também acreditava que a carne torna as pessoas ferozes.[44]
Este argumento ainda é muito utilizado em defesa do regime vegetariano.[4